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Internacional
Segunda - 17 de Maio de 2004 às 12:53

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ROMA - O especialista em política e um dos ideólogos do neoconservadorismo Samuel Huntington, autor da tese do "choque de civilizações", considera que os Estados Unidos não sairão vitoriosos do conflito do Iraque, e acredita que a única solução é a retirada das tropas americanas.

Em entrevista publicada hoje pelo jornal italiano La Repubblica, Huntington afirma: "O presidente George W. Bush nos colocou em uma guerra contra o povo iraquiano que os EUA não poderão vencer nunca, a única solução é reduzir nossa presença militar e transferir o poder para os iraquianos".

Considerado o pai do movimento neoconservador que influenciou a política externa da administração Bush, Huntington diz que a guerra não teve avanços na relação com o Iraque, e este país volta a ser um inimigo.

Huntington lembrou que no ano passado havia previsto não uma, mas duas guerras no Iraque. "A primeira, contra Saddam, venceríamos rápido, a segunda, contra o povo iraquiano, não venceríamos nunca".

Para o autor de 'O choque de civilizações e a reconfiguração da ordem mundial', de 1996, o escândalo das torturas contra presos iraquianos aumenta a hostilidade da população contra os americanos. Além disso, acredita Huntington, esse escândalo põe em uma situação difícil países amigos dos Estados Unidos, como Jordânia, Egito e Arábia Saudita.

Para que os EUA empreendam uma guerra vitoriosa e com o apoio do povo americano, deve haver pelo menos uma das duas condições, "que exista um objetivo moral ou que se defendam os interesses nacionais".

"A primeira guerra do Golfo cumpria ambas as condições", afirma, "mas esses requisitos não estão presentes na atual ocupação do Iraque".

Huntington, professor de Harvard tachado de radical por seus adversários, esteve recentemente no centro de uma polêmica por causa de seu último livro, 'Quem somos?', no qual sustenta que o crescente fluxo de imigrantes ibero-americanos nos EUA ameaça os valores e a identidade desse país.

Nesse sentido, o acadêmico destacou o problema da imigração na Europa e alertou que os riscos nesse continente "são muito maiores do que os da imigração nos Estados Unidos".




Fonte: Agência EFE

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