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Economia
Sábado - 24 de Abril de 2004 às 14:51
Por: Folha de São Paulo

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O Brasil está menos vulnerável do que nas últimas crises, mas o mercado começa a perder um pouco da confiança no governo do presidente Lula, de acordo reportagem da nova edição da revista britânica "The Economist".

Segundo a reportagem, os papéis brasileiros já sentem o impacto da elevação dos juros nos EUA e há dúvidas em relação à política econômica brasileira.

"Os papéis do Brasil que fazem parte do Embi+, índice do JP Morgan que mede o risco-país dos mercados emergentes, perderam mais de 10% entre meados de janeiro e de abril; no mesmo período, o Embi+ caiu 3,3%", informou a "Economist".

Para a revista, uma das causas da crise é o medo de que o Federal Reserve (o banco central dos EUA) aumente a taxa de juros, no menor patamar em 45 anos, drenando capital dos mercados emergentes.

"Mas só essa expectativa não explica a alta do risco-país. O problema é que a política econômica de Lula é menos popular entre os brasileiros do que entre os investidores. A equipe econômica elevou a meta de superávit primário de 2003 de 3,75% para 4,25% do PIB, escolhendo gastar mais com juros da dívida e menos com estradas, escolas e salários".

A revista ressalta que o Banco Central elevou o juro --"que já estava alto" --para enfraquecer o repique da inflação. "O governo ganhou credibilidade, mas a economia encolheu em 2003, e a promessa de empregos e justiça econômica começou a parecer vazia".

A "Economist" afirma ainda que a recuperação da economia dependerá de como a economia vai se comportar até as eleições municipais de outubro. "Embora o corte de 10,5 pontos percentuais na taxa de juros desde junho passado tenha impulsionado as exportações e a venda de bens duráveis (como carros), ainda falta afetar a renda e o mercado de trabalho".

Para a revista, outra preocupação seria um desvio da disciplina fiscal que sustenta a capacidade do país de pagar suas dívidas. "Lula enervou os mercados recentemente ao elevar a proposta de reajuste aos servidores públicos e oferecer verba extra para os sem-terra que invadiram propriedades privadas no interior do país. E, no momento, Lula tem que decidir sobre o aumento do salário mínimo".

A "Economist" finaliza a reportagem afirmando que o país está sim forte para enfrentar crises internacionais, mas manifesta dúvidas sobre o rumo dos acontecimentos, especialmente com as eleições municipais e com a queda na popularidade do governo. "Um aumento dos juros nos EUA causaria menor estrago do que em outros anos. A questão é se Lula conterá os nervos".




Fonte: Folha Online

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