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Turismo
Quarta - 21 de Outubro de 2020 às 16:34
Por: Sebrae/MT – Rita Comin

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Com uma fauna exuberante e singular, composta por cerca de 463 espécies de aves, 325 de peixes, 212 mamíferos e anfíbios, além de 98 répteis, sem falar toda a diversidade da flora, o bioma Pantanal guarda uma explosão de vida selvagem que não existe em nenhum outro lugar do Brasil, tampouco da América Latina.

Por tudo isso, sempre foi um produto turístico muito requisitado por estrangeiros, especialmente norte-americanos, japoneses, alemães, franceses, cujo fluxo anual gira em torno de 50 mil turistas em busca de atividades de ecoturismo, incluindo observação de aves, cavalgadas, focagem noturna de jacaré e safari para avistar onça pintada.

Tese de Fernando Tortado, da Fundação Pantera, mestre e doutor em Ecologia e Conservação da Biodiversidade pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), estima o faturamento médio anual do safári para avistar onça pintada em cerca de US$ 6 milhões. E faz um comparativo com os prejuízos causados pelos ataques de felinos ao gado, constatando que a renda com a atividade turística era 50 vezes maior do que as perdas de bovinos, calculada em US$ 120 mil/ano.

No entanto, a conjunção de dois fatos, a pandemia da covid-19 e as queimadas, provocaram efeitos devastadores na economia da região, atingindo o setor de turismo. Os meios de hospedagem e os atrativos já estavam recebendo um fluxo de turistas regionais e nacionais, quando vieram as queimadas e interromperam tudo, obrigando os empresários a trabalhar em outras frentes, quer seja ajudando para debelar o fogo, na infraestrutura de apoio a bombeiros e brigadistas, bem como nos cuidados dos animais feridos.

A empresária Domingas Ribeiro da Silva Pereira, da Pantanal Lodge, conta que sua pousada foi a primeira da Transpantaneira a ser atingida pelo fogo que devastou cerca de 90% da área verde do empreendimento, trilhas de ecoturismo e espaços de atividades. Hoje está fazendo um trabalho de alimentação dos animais o que tem possibilitado o retorno deles no entorno do atrativo. “Com orientação da consultoria de marketing do Sebrae estamos fazendo um trabalho de conscientização dos clientes, mostrando a resiliência do Pantanal, que recupera rapidamente sua flora com as primeiras chuvas”. Segundo ela, muitos desses animais já voltaram a circular no entorno da pousada e alguns já se alimentam na própria natureza, apesar de não ser suficiente ainda.

Já Lisa Canavarros, da agência Birding Pantanal e Aymara Lodge, teve mais sorte, a área da pousada não foi afetada, porém, teve que montar uma infraestrutura de monitoramento 24h contra o fogo que assolava as fazendas vizinhas. “Já estava recebendo turistas, porém tive que fechar minha pousada temporariamente e as reservas foram canceladas. Não bastasse o mercado internacional ter entrado em colapso por conta da pandemia, vimos o mercado regional e nacional ser afetado pelos incêndios”.

O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Mato Grosso (Sebrae MT) desenvolve ações visando o desenvolvimento do turismo na região do Pantanal há mais de uma década, trabalhando aspectos como fortalecimento da governança, novas tecnologias, sustentabilidade, incorporação das culturas tradicionais nos roteiros, entre outras.

Este ano, por conta da atual situação, o trabalho foi reforçado e ganhou outros contornos. Foram introduzidas consultorias de biossegurança e as já trabalhadas foram adequadas à nova realidade. Na programação de 2020, estão contempladas consultorias gratuitas sobre finanças, estratégia de hotelaria, marketing digital, atendimento humanizado, sistema de gestão e segurança, engenharia de cardápio.

A coordenadora do projeto de turismo no Sebrae MT, Marisbeth Gonçalves, esclarece que nesse novo momento, a orientação para os empresários é que façam uma reavaliação do seu posicionamento no mercado. “É preciso avaliar os produtos que ofertados essencialmente para o público internacional e ver que adaptações são necessárias para atender ao mercado local, porém sem perder a essência do negócio, sem desconstruir tudo que já foi feito”, pondera, lembrando que o turista brasileiro e regional é totalmente diferente do internacional.

Outro aspecto que destaca como importante refere-se à percepção de valor. Não é preciso baixar o preço dos produtos, mas trabalhar com foco na percepção de valor do cliente atual. “Se antes, era ofertada só uma diária e os passeios eram cobrados à parte, agora pode-se oferecer uma diária e agregar duas ou três atividades turísticas; ou ainda adotar o day-use”, orienta.

Ela ainda ressalta a importância de avaliar a comunicação nas mídias sociais e também fazer um impulsionamento adequado ao público local. Tudo sem, perder de vista a análise da gestão financeira, seguir os protocolos e orientações de biossegurança.

Rodada de negócios

Alinhada com a estratégia do governo do Estado de promover Mato Grosso para os mato-grossenses, o Sebrae vem trabalhando em parceria com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento do Turismo com esse foco.

Segundo Marisbeth Gonçalves, o trabalho está alinhado às diretrizes estaduais e a estudos de especialistas apontando o mercado regional como o primeiro a ser retomado. “As pessoas ficaram muito tempo em casa e agora querem sair, mas como as barreiras não estão todas abertas para o turismo, elas optam pelo turismo da própria região. Os estudos indicam ainda a necessidade do contato com a natureza e para Mato Grosso isso é muito importante porque nós temos essencialmente produtos de turismo de natureza, o ecoturismo é muito forte”.

Uma das ações desenvolvidas é a rodada de negócios virtual, organizada no dia 13/10, reunindo sete compradores e nove fornecedores. Os principais produtos ofertados são a cavalgada com cavalo pantaneiro, passeios de barco, focagem de felino e observação de aves.

Nária Centenaro, gestora de viagens da Nária Viagens Turismo, de Sinop, elogia a organização e o formato da rodada de negócios. Para ela, foi uma oportunidade de trocar contatos com fornecedores, renovar os conhecimentos e reciclar informações sobre o cenário atual de MT. Ela confirma o aumento da procura por destinos regionais.





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