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Meio Ambiente
Sexta - 23 de Abril de 2021 às 16:59
Por: Por Mel Parizzi, TV Centro América

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A Associação Mato-grossense de Educação Ambiental (Amea-MT) se juntou a pesquisadores do Paraná e ao Corpo de Bombeiros de Sinop, no norte do estado, para construir um 'radar de queimadas' e evitar que incêndios de grande proporção atinjam o Pantanal.

O período de estiagem do ano passado ficou marcado pelos incêndios no Pantanal Mato-grossense. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mais de três milhões de hectares foram destruídos pelo fogo sem controle, o que representa 26% do bioma.

A patente do radar de queimadas já foi registrada e o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso já definiu 20 pontos estratégicos do Pantanal em que os sensores de calor precisam ser instalados.

“Esse aparelho ainda não existia, então o pesquisador Arquimedes se propos a fabricar esse aparelho com as especificações que precisavam para executar o projeto”, disse a presidente da Associação, Agneia Siqueira.

Radar de queimadas foi baseado na inteligência artificial — Foto: TVCA/Reprodução

Radar de queimadas foi baseado na inteligência artificial — Foto: TVCA/Reprodução

O pesquisador da Universidade Estadual de Maringá, Arquimedes Luciano, contou que a tecnologia criada foi baseada na inteligência artificial.

“Com a coleta das informações sobre temperatura, umidade e com o indicador de direção do vento, permitem que cada unidade consiga detectar. Ele faz a previsão de quando pode ocorrer a próxima chuva e de como as condições estão evoluindo para o incêndio”, explicou.

A nova tecnologia também chamou a atenção de pesquisadores internacionais.

O pesquisador Eric hamilton , da Pepperdine University, na Califórnia, onde as queimadas também causaram muitos prejuízos, decidiu apoiar a ideia do radar.

Radares serão instalados em pontos estratégicos do Pantanal para evitar Incêndios de grandes proporções — Foto: Sesc Pantanal

Radares serão instalados em pontos estratégicos do Pantanal para evitar Incêndios de grandes proporções — Foto: Sesc Pantanal

A prefeitura de Sinop informou que encaminhou um servidor para trabalhar no projeto. Os deputados também se comprometeram a apresentar o projeto na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).

A Amea informou que aguarda a produção dos equipamentos por parte da Amea, que tem até julho deste ano para instalar a tecnologia no bioma, quando começa o período de estiagem.

No entanto, a verba necessária, de R$ 3 milhões, ainda não foi atingida pela Amea, e a entidade agora busca parcerias para conseguir arcar com os custos.

Por enquanto, o governo de Mato Grosso não destinou investimentos ao projeto.

Nuvens de fumaça durante incêndio no Pantanal em 2020 — Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Nuvens de fumaça durante incêndio no Pantanal em 2020 — Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Alerta para o Pantanal

Entidades ligadas ao meio ambiente, como o Observatório Pantanal e SOS Pantanal, emitiram um comunicado alertando que os incêndios ocorridos no bioma em 2020 podem se repetir ou até se intensificar em 2021, caso as medidas de prevenção não sejam tomadas com urgência.

Entre outras recomendações, levadas ao Congresso Nacional por institutos de pesquisa, governos, universidades e organizações da sociedade civil, às quais o Observatório Pantanal ratifica, estão ainda a suspensão de licenças para implantação de novas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) na Região Hidrográfica do Paraguai e a aquisição de equipamentos e aeronaves.

Além disso, o Observatório pede o treinamento de efetivo das Forças Armadas em técnicas de controle de incêndios florestais, a destinação de recursos orçamentários para a realização de pesquisas, pelas instituições oficiais, sobre prevenção de fogo, recuperação ambiental, recursos hídricos, serviços ecossistêmicos e temas afins no bioma Pantanal.

Sebastião Baldi Silva Junior, de 40 anos, em combate a incêndio em uma fazenda no Pantanal, em Poconé (MT) — Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Sebastião Baldi Silva Junior, de 40 anos, em combate a incêndio em uma fazenda no Pantanal, em Poconé (MT) — Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Incêndios em 2020

Conforme levantamento feito pelas instituições, em 2020, o Pantanal perdeu para o fogo área semelhante a do estado do Rio de Janeiro – 38.600 km². O fogo consumiu desde campos naturais até florestas, em escala sem precedentes em todo o histórico de monitoramento do bioma.

Foram mais de 22 mil focos de calor, cuja maioria, segundo depoimentos colhidos no Senado, foram provocados intencionalmente sem que houvesse qualquer punição. Uma perda significativa de biodiversidade e de modos de subsistência de comunidades.

Incêndios criminosos sem responsabilização também ocorreram em 2019, quando foram consumidos 18 mil km² só na porção brasileira do Pantanal. Ninguém foi punido, apesar das cobranças às autoridades e das manifestações internacionais.





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