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Meio Ambiente
Terça - 21 de Setembro de 2021 às 06:32
Por: Por Thiago Andrade, G1 MT

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Sem chuvas, alimentos dos jacarés ficaram escassos no Pantanal — Foto: Divulgação/Ecotropica
Sem chuvas, alimentos dos jacarés ficaram escassos no Pantanal — Foto: Divulgação/Ecotropica

Ameaçados com a seca severa, jacarés estão sendo transportados de uma lagoa para outra por garantia de sobrevivência e evitar canibalismo entre a espécie, no Pantanal mato-grossense. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) decidiu que essa é a melhor forma de ajudar os répteis a superar a seca.

Antes da ação, agentes do Ibama, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) e voluntários de ONGs que atuam no Pantanal, trabalhavam para encher baias com o uso de dois caminhões-pipas. Agora, além do uso de encher os pontos secos, eles trabalham no transporte dos animais para outras localidades dentro do Pantanal.

“Eles estão em situação de canibalismo. Os jacarés que ainda têm vida estão se alimentando dos que morreram”, alertou a coordenadora de comunicação e operações institucionais da ONG Ecotropica, Carla Braganholo.

Segundo o servidor do Ibama, Bruno Campos, o trabalho começou no último domingo (19). “O trabalho de translocação começou no domingo, nós tiramos os animais da Ponte 03, por conta da pouca quantidade de água e, depois da análise da qualidade, os parâmetros estão muito ruins", destacou o servidor.

Pantanal sofre sem enchentes desde 2020 — Foto: Divulgação/Ecotropica

Pantanal sofre sem enchentes desde 2020 — Foto: Divulgação/Ecotropica

Bruno conta que por cinco dias seguidos, duas vezes ao dia, jogaram água com caminhões-pipas contendo 15 mil litros de água, mas a ação não teve o resultado esperado. “Não fez diferença nenhuma porque a quantidade de água que evapora é maior do que a gente consegue repor”, contou Campos.

O servidor contou que o canibalismo é um processo natural do jacaré, mas que a situação dos animais do Pantanal piorou depois das secas de 2020 e 2021, somadas com as queimadas e a falta de enchentes no Pantanal. “As enchentes são fundamentais no Pantanal porque é a entrada de peixe nas regiões alagadas. Eles não tiveram a quantidade de comida necessária” afirmou.

Bruno explicou que o grupo de trabalho não está transportando todos os jacarés, mas somente os animais que estão debilitados. “Estão sendo levados para cerca de 15 quilômetros do ponto que eles estão atualmente. Ali mesmo no Pantanal, tem o Rio Clarinho, Rio Pixaim, alguns corixos (corpos d’água). No ponto, tem mais de 500 jacarés, mas serão levados entre 100 e 200”, explicou.

Ongs e órgão ambientais trabalham para reduzir danos — Foto: Divulgação/Ecotropica

Ongs e órgão ambientais trabalham para reduzir danos — Foto: Divulgação/Ecotropica

Animais mortos

Estudo realizado por 30 pesquisadores de órgãos públicos, de universidades e de organizações não-governamentais estima que, ao menos, 17 milhões de animais vertebrados morreram em consequência direta das queimadas no Pantanal no ano passado.

Resgates no Pantanal

Irara resgatada do Pantanal e levada para atendimento veterinário. — Foto: Assessoria

Irara resgatada do Pantanal e levada para atendimento veterinário. — Foto: Assessoria

Uma irara com as patas queimadas em um incêndio na rodovia Transpantaneira, em Poconé, no Pantanal, foi resgatada e levada para tratamento no último dia 3 de setembro. Um macaco-prego também foi retirado da mesma região, mas como estava sem ferimentos, será devolvido à natureza.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) e o Ibama estabeleceram normas para o resgate de animais e atuação de voluntários em incêndios no Pantanal.

Segundo a Sema, a atuação foi discutida em reunião no último dia 6 de setembro, foram planejadas medidas de apoio à fauna no Pantanal mato-grossense, alinharam atribuições e procedimentos a serem adotados.

De acordo com o monitoramento realizado pela Sema até aquele momento, a intervenção no bioma ainda não é recomendada, visto que há riscos e impactos ambientais já conhecidos pela ciência de interferências no bioma.

Para os voluntários

Os órgãos ambientais esclarecem que a autorização para entidades que irão atuar com espécimes da fauna silvestre, ovos e larvas no pantanal é de responsabilidade do Ibama, assim como o controle e gestão dos animais, de acordo com a Lei Complementar 140/2011.

Ficou definido na reunião que, quando for necessário atendimento a animais fora do Pantanal, deve haver a autorização da Sema, e autorização de transporte do Ibama. No caso de transporte para fora do estado, será necessária também a aprovação prévia da organização estadual de meio ambiente de destino.

Quanto ao apoio financeiro/institucional da Sema-MT para tratamento médico veterinário do animal resgatado, quando necessário, será acionada a Coordenadoria de Fauna para verificar o local de atendimento e custos.





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