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Meio Ambiente
Terça - 26 de Outubro de 2021 às 16:56
Por: Por Kethlyn Moraes, G1 MT

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Ousado descansando no Pantanal um ano após sofrer queimaduras de 3º grau por causa dos incêndios na região — Foto: Marcelo Tchebes
Ousado descansando no Pantanal um ano após sofrer queimaduras de 3º grau por causa dos incêndios na região — Foto: Marcelo Tchebes

A onça-pintada que foi solta no Pantanal, em Poconé, a 104 km de Cuiabá, após sofrer queimaduras de terceiro grau foi fotografada descansando em Porto Jofre, um ano depois do maior incêndio registrado no bioma. Ela vive na região em que havia sido resgatada.

As imagens foram feitas pelo fotógrafo Marcelo Tchebes, que estava em viagem ao Pantanal, e compartilhada nas redes sociais.

Ousado descansando no Pantanal um ano após sofrer queimaduras de 3º grau por causa dos incêndios na região — Foto: Marcelo Tchebes

Ousado descansando no Pantanal um ano após sofrer queimaduras de 3º grau por causa dos incêndios na região — Foto: Marcelo Tchebes

Ousado, como foi batizado a onça-pintada macho durante o tratamento, foi resgatado em setembro de 2020, com queimaduras de terceiro grau e outros problemas de saúde porque havia inalado muita fumaça. Também apresentava grave desidratação com alterações renais.

O animal foi encontrado por equipes do Corpo de Bombeiros Militar e por veterinários voluntários que atuavam no resgate de animais na região, que teve grande parte da vegetação queimada. Ele recebeu os primeiros atendimentos no local.

Onça-pintada teve as quatro patas queimadas — Foto: Corpo de Bombeiros

Onça-pintada teve as quatro patas queimadas — Foto: Corpo de Bombeiros

Ele teve as quatro patas queimadas. Para a recuperação completa, foram necessários 36 dias intensos de tratamento, longe da natureza.

No Instituto de Preservação e Defesa dos Felídeos da Fauna Silvestre do Brasil em Processo de Extinção (Nex), o animal passou por tratamento com terapia de ozônio e laser e com células-tronco.

Em outubro do ano passado, Ousado foi solto de volta no Pantanal. Um ano depois, ele aparece nos registros fotográficos recuperado e descansando.

Onça- pintada Ousado descansando no Pantanal um ano após maior incêndio da região — Foto: Marcelo Tchebes

Onça- pintada Ousado descansando no Pantanal um ano após maior incêndio da região — Foto: Marcelo Tchebes


O fotógrafo Tchebes conta que ver onças-pintadas era um sonho antigo e que ficou fascinado ao estar frente a frente com a fauna silvestre pantaneira.

"Foi uma dicotomia de estar muito feliz com os encontros com a fauna mais impressionante do Brasil e o aperto de ver a situação da estiagem e das queimadas", diz.

Ousado um ano após sofrer com maior incêndio do Pantanal de MT — Foto: Marcelo Tchebes

Ousado um ano após sofrer com maior incêndio do Pantanal de MT — Foto: Marcelo Tchebes

Sobre Ousado, Marcelo admite: "Está fortão, está lindo!"

Tchebes também registrou fotos de jacarés amontoados no Pantanal mato-grossense em busca de água, após os incêndios e a seca que atingiram o bioma nos últimos meses.

Onça-pintada no Pantanal de MT pelos olhos do fotógrafo Marcelo Oliveira — Foto: Marcelo Tchebes

Onça-pintada no Pantanal de MT pelos olhos do fotógrafo Marcelo Oliveira — Foto: Marcelo Tchebes

Ele denominou a coleção de fotos como 'Garras do Pantanal'.


Incêndios

A área atingida pelo fogo este ano no Pantanal foi maior que a média histórica da região. Segundo dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), órgão vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 261,8 mil hectares já foram perdidos para o fogo; no mesmo período do ano passado, a área queimada foi de 1.356.925 hectares.

Em 2020, o Pantanal foi atingido pela maior tragédia da história. Incêndios destruíram cerca de 4 milhões de hectares. 26% do bioma - uma área maior que a Bélgica - foi consumida pelo fogo. Cerca de 4,6 bilhões de animais foram afetados e ao menos 10 milhões morreram.

Seca no Pantanal

Voluntários que atuam no resgate e tratamento de animais vítimas de incêndios no Pantanal mato-grossense pedem ajuda para conseguir caminhões-pipas com água — Foto: SOS Pantanal

Voluntários que atuam no resgate e tratamento de animais vítimas de incêndios no Pantanal mato-grossense pedem ajuda para conseguir caminhões-pipas com água — Foto: SOS Pantanal

O Pantanal perdeu 29% de superfície de água e campos alagados entre a cheia de 1988 e a última, em 2018, quase 1% por ano. Se continuar neste ritmo, em 70 anos, o bioma estará seco.

Em Mato Grosso, quase 2,2 milhões de hectares foram destruídos e, em Mato Grosso do Sul, 1,7 milhão de hectares, virou cinzas.

Na primeira cheia registrada na série histórica de imagens de satélite analisadas pelo MapBiomas, esse total era de 5,9 milhões de hectares. Na última, em 2018, a área alcançou apenas 4,1 milhões de hectares. Em 2020, esse valor foi de 1,5 milhões de hectares, o menor nos últimos 36 anos.


Segundo o MapBiomas, mais seco, o Pantanal está também mais suscetível ao fogo. Os períodos úmidos favorecem o desenvolvimento de plantas herbáceas, arbustivas, aquáticas e semi-aquáticas, acumulando biomassa. No período seco, a vegetação seca vira combustível para o fogo.





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