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Polícia Brasil
Sexta - 27 de Julho de 2012 às 22:52

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Jucemir Ferreira / O Globo
Moradores depredam ônibus em protesto contra a bala perdida que atingiu menina durante operação do Bope
Moradores depredam ônibus em protesto contra a bala perdida que atingiu menina durante operação do Bope

Uma menina de 11 anos morreu na noite desta sexta-feira após ser baleada durante uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na Favela da Quitanda, em Costa Barros. No início da tarde, Bruna da Silva Ribeiro atravessava a Rua Isaac Zadma quando foi atingida por um tiro na barriga. A menina foi levado por policiais num veículo blindado a UPA de Costa Barros, de onde foi transferida para o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes. Após passar por cirurgia de quatro horas, Bruna não resistiu e morreu.

Após a operação, moradores da favela fizeram um protesto violento na Avenida Pastor Martin Luther King Jr, que foi fechada ao trânsito. Cinco ônibus foram depredados. Um deles foi pichado com acusações contra policiais. Os manifestantes, a maioria mulheres e crianças, tentaram atear fogo num dos veículos. O policiamento no entorno da UPA e na região foi reforçado.

PMs caçavam bando que atacou UPP

Policiais do Bope, de acordo com nota da PM, fizeram a operação na Quitanda, para tentar prender os traficantes que atiraram contra a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Nova Brasília, no Complexo do Alemão, na última segunda-feira, quando a soldado Fabiana Aparecida de Souza, de 31 anos, foi morta com um tiro de fuzil no peito. Dois criminosos foram presos nesta sexta-feira, mas não são suspeitos do ataque. Com eles foram apreendidas uma pistola e um radiotransmissor. Segundo a PM, a menina foi baleada durante a prisão dos bandidos. A Favela da Quitanda fica ao lado do Morro do Chapadão e integra o Complexo da Pedreira, para onde teriam fugido os traficantes que atacaram a UPP do Alemão.

A ocupação do Complexo do Alemão, em novembro de 2010, foi precipitada justamente por uma onda de ataque incendiários a ônibus e carros. Num período de 20 dias, traficantes atearam fogo a mais de cem veículos. O maior número de casos aconteceu justamente no dia 25 daquele mês, quando houve à Vila Cruzeiro, na Penha, foi invadido pelas forças policiais: 45 veículos. A série de atentados levou a polícia a antecipa o processo de pacificação no Alemão, que só aconteceria este ano, de acordo com o cronograma da Secretaria de Segurança.

De acordo com nota da PM, quando Bruna foi atingida, a mãe dela, Anailza Rodrigues da Silva, pediu ajuda aos policiais. Ainda não se sabe de onde partiu o tiro que atingiu a menina, e o Bope vai abrir procedimento para apurar todas as circunstâncias. Dois fuzis que eram usados por agentes do Bope foram apreendidos pela Polícia Civil. Se for encontrado o projétil no corpo da menina, ele passará por um exame de confronto balístico.

Nesta sexta, a Secretaria de Segurança anunciou que o efetivo em quatro UPPs no Alemão receberá reforço. Cem novos policiais serão lotados nas unidades, a maioria deve ir para a UPP de Nova Brasília, onde a soldado Fabiana Aparecida de Souza, de 30 anos, foi morta durante o ataque de bandidos.

Novas operações para prender os responsáveis pelo ataque foram feitas nesta sexta-feira no Alemão. Cinco homens foram presos e dois menores foram detidos, mas nenhum deles estaria envolvido no ataque. Policiais da Divisão de Homicídios (DH) fizeram operações na região e distribuíram panfletos pedindo à população que denuncie a presença de traficantes foragidos. Também foram realizadas operações em outras favelas, como o Morro do Urubu, em Pilares, e Vila Vintém, em Padre Miguel.

O antropólogo Paulo Storani, especialista em segurança pública e ex-capitão do Bope, disse que, embora a pacificação com implantação de UPPs seja um projeto bem-sucedido, ainda precisa de desdobramentos. Ele defende a implantação de um plano estadual de segurança, com ações de médio e longo prazos.

— O ataque à UPP Nova Brasília e a morte de dois jovens no Andaraí (por PMs da UPP) mostram que mudou a dinâmica do tráfico nas favelas pacificadas. É preciso apurar o que motivou esse ataque de agora. A polícia tem sua missão que se encerra com o estado ocupando efetivamente essas áreas, por meio de ações sociais.

No fim de junho, Taiane Medeiros Resende, de 20 anos, foi morta por uma bala perdida na esquina das ruas Engenheiro Paula Lopes e Vitória, nas proximidades da Favela do 48, na localidade do Rio da Prata, em Bangu, Zona Oeste do Rio. Moradores do local informaram que a jovem morreu durante um confronto entre policiais militares e bandidos daquela comunidade.

Dois dias antes, uma mulher de 19 anos morreu após ser atingida por uma bala perdida dentro de casa, no Morro do Chapadão, na Pavuna, Zona Norte do Rio. Rosiléia de Oliveira da Silva estava com a filha Cauane da Silva, de 1 ano e 6 meses, no colo. A criança também se feriu. Rosiléia chegou a ser levada para o Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, mas já chegou morta ao local. Depois de mãe e filha serem baleadas, moradores fizeram um protesto pedindo “justiça e paz” para a comunidade.





Fonte: O Globo

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