Na onda das bets, mais de 600 mil pessoas já apostaram no Estado Pesquisa do Instituto DataSenado revela que 17% dos mato-grossenses com 16 anos ou mais gastaram dinheiro em apostas esportivas
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A maioria dos apostadores (56%) tem entre 16 e 39 anos, seguidos das faixas entre 40 e 49 (17%), 50 e 59 (13%) e 60 anos ou mais (14%)
Em Mato Grosso, uma pesquisa do Instituto DataSenado revela que 17% dos mato-grossenses com 16 anos ou mais - o equivalente a 612 mil pessoas - gastaram dinheiro em apostas esportivas por meio de aplicativos de bets ou sites na internet, nos últimos 30 dias de junho passado.
A proporção estadual consta no “Panorama Político 2024: apostas esportivas, golpes digitais e endividamento”, divulgado na terça-feira (1º).
No país, a análise aponta que 12% dos brasileiros - o correspondente a 22,13 milhões de pessoas - declararam ter participado de bets e/ou de jogos conhecidos como "tigrinho" no mesmo período.
As apostas esportivas online são liberadas no Brasil desde 2018 e, nos últimos dias, têm passado por grandes polêmicas após relatório do Banco Central apontar que cinco milhões de beneficiários do programa "Bolsa Família" estão fazendo apostas online.
Além disso, seja na economia do país e das famílias, as consequências das chamadas bets têm causado preocupação, que vão do aumento do endividamento ao adoecimento mental.
Tanto que, no último dia 30 de setembro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que, nos próximos dias, cerca de 500 sites de bets, portais na internet para jogos eletrônicos, serão banidos do país.
A pesquisa foi realizada por telefone entre os dias 5 e 28 de junho e entrevistou 21.808 pessoas com 16 anos ou mais.
Entre os entrevistados que realizaram apostas esportivas, 62% são do sexo masculino. As mulheres representam 38%.
A maioria dos apostadores (56%) tem entre 16 e 39 anos, seguidos das faixas entre 40 e 49 (17%), 50 e 59 (13%) e 60 anos ou mais (14%).
O percentual estadual ficou acima da média nacional, assim como o verificado em Roraima e Pará, ambos também com 17%.
Na outra ponta está Minas Gerais, com 10% e Ceará que ficou abaixo, com 8%.
Entre os que realizaram apostas, a maior parte afirma ter gasto até R$ 500 em aplicativos ou sites na internet, e apenas 3% declararam ter desembolsado um valor maior.
Conforme informações divulgadas pela Agência Senado, homens até 39 anos com ensino médio completo são os maiores usuários de aplicativos de apostas esportivas no país.
Em relação à escolaridade, 40% têm o ensino médio completo. Outros 23% têm o ensino fundamental incompleto e 20% têm o ensino superior incompleto ou mais.
Do ponto de vista econômico, a maioria afirma exercer atividade remunerada (68%). Outros 27% estão fora da força de trabalho e apenas 5% se declaram desocupados.
Também a maioria afirma exercer atividade remunerada (68%). E outros 27% estão fora da força de trabalho e apenas 5% se declaram desocupados.
A maior parte dos apostadores recebe até dois salários-mínimos (52%) por mês.
A fatia que ganha entre dois e seis mínimos é de 35%, enquanto 13% afirmam receber uma remuneração superior.
ENDURECIMENTO DAS REGRAS - As apostas online foram permitidas pelo Governo de Michel Temer por meio da Medida Provisória (MP) 846/2018, sendo convertida na Lei 13.756/2018.
Contudo, somente no ano passado, foi regulamentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Contudo, o crescimento das bets, alavancado pela propaganda on-line e em eventos esportivos, tem drenado recursos das famílias, provocado endividamento e atrapalhado a economia do país.
Isso levou o Governo Federal a anunciar, na última semana, que prepara um endurecimento das regras relacionadas às apostas.
O analista do DataSenado, José Henrique Varanda, coordenador da pesquisa, afirmou que o impacto das apostas esportivas também “está na ordem do dia do Congresso Nacional” e, por isso, foi incorporado nesta edição do estudo.
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