Morte de Zampieri foi encomendada após decisão de desembargador contra o mandante
Anibal Manoel Laurindo teria, supostamente, encomendado a morte do advogado Roberto Zampieri após uma decisão do desembargador Sebastião de Moraes Filho, em um processo sobre disputa de terras, que foi desfavorável ao mandante. O magistrado e o advogado teriam uma amizade íntima e estariam envolvidos em um possível esquema de venda de sentenças, sendo que Zampieri seria um dos principais articuladores.
As informações constam na decisão do Corregedor Nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, que determinou o afastamento do desembargador Sebastião de Moraes Filho no início do mês. De acordo com os autos o crime teve como pano de fundo uma Ação de Embargos de Terceiro que tramitou no Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
Esta ação trata sobre uma disputa de terras entre J.B.E. e J.V.L., respectivamente autor e alvo do processo. O autor, que tinha Roberto Zampieri como advogado, pediu a imissão na posse da Fazenda Lagoa Azul, que até então estava na posse do alvo da ação, que é irmão de Anibal. No entanto, ao ser executada a sentença surgiu um imbróglio jurídico, no caso, a imissão também abrangeu a antiga Fazenda Ronuro, atual Fazenda Matão, que pertenceria a Anibal.
Com o objetivo de defender sua posse, Anibal entrou com uma ação de embargos de terceiro, alegando que estava perdendo a posse ilegalmente. Este processo chegou ao desembargador Sebastião de Moraes Filho.
O magistrado, apesar de não ter se considerado suspeito por alegada amizade com o advogado Roberto Zampieri, se declarou suspeito “em virtude de ter se sentido ‘desconfortável’ após alegação de suspeição utilizando argumentos de cunho familiar”.
Entretanto, mesmo após esta declaração de suspeição, o desembargador Sebastião de Moraes Filho, acabou proferindo uma decisão neste processo. Este teria sido o motivo para a morte de Zampieri ter sido encomendada.
“Depois de se declarar suspeito, o desembargador Sebastião de Moraes Filho proferiu decisão contrária aos interesses de Anibal Manoel Laurindo – suspeito de ser um dos mandantes do homicídio – e favorável à parte patrocinada pelo advogado Roberto Zampieri. Tal decisão, segundo as conclusões da Autoridade Policial, ‘foi o ‘estopim’ para a concretização dos planos que já vinham sendo montados pelos suspeitos Anibal e sua esposa Elenice B Laurindo, que decidiram matar a vítima Roberto Zampieri’”.
A investigação também concluiu que Zampieri e Sebastião, ao que tudo indica, tinham sim uma amizade. Isso porque, no dia do crime, a perícia visualizou uma mensagem enviada ao celular da vítima, na tela bloqueada, de um remetente chamado “Des Sebastião”.
O caso
Roberto Zampieri tinha 56 anos e foi assassinado na noite do dia 05 de dezembro de 2023, na frente de seu escritório localizado no bairro Bosque da Saúde, na capital. A vítima estava em uma picape Fiat Toro quando foi atingida pelo executor com diversos disparos de arma de fogo. O executor foi preso na cidade de Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte (MG).
O mandado de prisão de Antônio Gomes da Silva foi cumprido pela Delegacia de Homicídios da capital mineira em apoio à Polícia Civil de Mato Grosso, que investiga o crime ocorrido contra o advogado.
No dia 22, Hedilerson Fialho Martins Barbosa, membro do Exército e instrutor de tiro, foi apontado como intermediário do crime, sendo responsável por contratar o executor e entregar a arma de fogo.
Coronel do Exército, Etevaldo Luiz Cacadini de Vargas, foi preso no dia manhã de janeiro, em Belo Horizonte (MG), acusado de ser o financiador do crime. O suposto mandante, Aníbal Manoel Laurindo, está solto.
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