‘Esse assunto não vai caminhar’, avalia Gisela sobre PEC contra a escala 6x1
Gisela Simona (União) avalia que a proposta de emenda à Constituição (PEC) sobre o fim da escala 6×1 para o trabalhador não deve tramitar com rapidez na Câmara. Para a deputada federal, a polarização política vai prejudicar o andamento desta proposta, que inclusive passaria por estudos antes de se chegar a um texto coerente com a realidade brasileira. Isso porque a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), para onde a proposta seguiu, é comandada por parlamentares da extrema-direita.
Gisela e Emanuelzinho (MDB) foram os únicos deputados federais de Mato Grosso que assinaram a PEC apresentada pela deputada Erika Hilton (Psol-SP). Em entrevista ao programa A Notícia de Frente, da TV Vila Real, nesta quinta-feira (21), Gisela afirmou que é contra a proposta de escala 4x3, mas entendeu que esta pauta é de interesse da população e por isso deve ser discutida no parlamento.
“Eu fui uma das parlamentares do estado de Mato Grosso que assinou contra a escala 6x1, no sentido de nós termos uma discussão dentro do parlamento sobre esse tema. Entendo que quando a população traz tema, como aconteceu muito, seja via rede sociais, sejam manifestações presenciais em vários municípios do nosso país, é muito importante que a Casa esteja aberta para fazer essa discussão”.
A deputada federal destacou que ao alcançar o número suficiente de assinaturas a PEC irá iniciar sua tramitação na Câmara dos Deputados, ou seja, ainda deve percorrer um longo caminho até ser aprovada ou não, podendo inclusive ser alterada.
“É importante o cidadão entender que a assinatura não é um voto, porque na verdade é a possibilidade dessa proposta (...) ser recebida pela mesa, encaminhada à Comissão de Constituição e Justiça, essa comissão analisa a constitucionalidade e juridicidade, e numa sequência é montada uma comissão especial, e aí sim essa comissão especial vai designar audiências públicas e ouvir o empresariado, ouvir a indústria, ouvir economistas, ouvir o trabalhador, porque é um tema complexo pro Brasil e que a gente entende que não é uma decisão política que deve fazer caminhar”, explicou.
Entretanto, apesar de votar pela tramitação da PEC, Gisela avalia que a proposta não deve seguir, já que a CCJ tem hoje na presidência e vice-presidência duas parlamentares do PL, que é de extrema-direita.
“O que nós temos internamente, nos bastidores, é que esse assunto não vai caminhar. Não vai caminhar porque (...) o primeiro procedimento é ir para a CCJ. A CCJ hoje, na sua maioria, é a extrema-direita que está lá. Como é uma proposta que vem do Psol, que é da esquerda, é uma proposta que não deve passar na CCJ. Então ou se caminha e tem o risco de não passar, ou nós temos uma situação de se aguardar talvez a próxima legislatura, que já é no ano que vem, para poder se colocar”, disse.
Gisela lamentou que o que é prioridade para o povo, nem sempre é prioridade para a classe política. Ela disse que muitos deputados assinaram a PEC justamente para que pudesse haver essa discussão e adequação do texto.
“Há uma insatisfação por parte do trabalhador com relação à escala, existe às vezes uma insatisfação por parte do empregador que muitas vezes diz que o brasileiro não é produtivo como deveria ser e existe toda uma questão econômica nova no nosso país, que nós sabemos que envolve inteligência artificial, que envolve automação, que tudo isso pode diminuir também a mão de obra. Por outro lado, existe essa situação da quantidade de atestados médicos hoje que as empresas recebem do trabalhador, por conta da exaustão do trabalho, enfim, existem várias polêmicas que envolvem esse assunto”.
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