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Internacional
Quarta - 23 de Maio de 2012 às 16:48

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Uma sobrevivente do massacre realizado por Anders Behring Breivik contou nesta quarta-feira (23) que outro jovem presente na ilha norueguesa de Utoya no dia 22 de julho de 2011 salvou sua vida ao se colocar na sua frente quando o partidário da ultradireita disparou contra ela.

Próxima de uma cabana situada na margem do lago, Andrine Johansen acreditava ter encontrado "o esconderijo perfeito", quando Breivik estava disparando no acampamento de jovens trabalhistas. A partir daquele local, o observou matar metodicamente vários de seus colegas.

Andrine Johansen, que contou ter sido salva por um colega, que recebeu os tiros disparados contra ela, no massacre de 22 de julho de 2011 na Noruega (Foto: AFP)


Andrine Johansen, que contou ter sido salva por um colega, que recebeu os tiros disparados contra ela, no massacre de 22 de julho de 2011 na Noruega (Foto: AFP)

Depois de ter sido atingida por uma bala no peito, lembra de ter estado nas águas geladas do lago. "Ia sufocar com meu próprio sangue, enquanto o via executar todos os meus amigos", afirmou.

Ela assistiu à execução de 14 das 69 pessoas que morreram nesse dia em Utoya. Andrine Johansen lembrou como Breivik, disfarçado de policial para burlar a vigilância, aproximou a arma a 10 centímetros da cabeça de um de seus companheiros e disparou.

Depois de comprovar que todos os jovens que tinham se escondido nas imediações da cabana tinham morrido, Breivik se voltou contra ela e levantou a arma sorrindo, contou a jovem de 17 anos. Contudo, as balas não a atingiram, caindo a sua volta.

"Quando ia a voltar a disparar, Henrik Rasmussen se atirou e se sacrificou por mim", declarou Andrine Johansen. "Recebeu as balas que eram para mim", afirmou.

"Estava certa de que ia a morrer", prosseguiu, contando que havia vários cadáveres a sua volta, com a cabeça flutuando na água, e que ouviu Breivik gritar de alegria.

"Eu me perguntei se eu era uma pessoa ruim a quem era negado o paraíso", disse.

Na água, a sobrevivente fingiu estar morta. Pensou em seu enterro e em escrever a palavra "branco" sobre sua roupa com seu próprio sangue para indicar a cor do caixão que queria para ela.

Finalmente, Andrine Johansen foi resgatada em um barco.

Atualmente, se recuperou fisicamente, mas continua sofrendo psicologicamente. Não pode comer alimentos vermelhos que a fazem lembrar do que viu na ilha de Utoya.

Outra testemunha, Ylva Helene Schwenke, que tinha 14 anos quando Breivik disparou, disse não ter "medo" de mostrar suas cicatrizes. "Pagamos o preço da democracia e ganhamos", afirmou esta jovem, atingida por quatro balas.

No dia 22 de julho de 2011, horas antes da matança de Utoya, Breivik explodiu uma bomba próxima à sede do governo norueguês, deixando outras oito vítimas fatais.

O extremista de direita qualificou seu gesto de ataques preventivos contra os "traidores da pátria", realizado, segundo ele, para livrar a Noruega do multiculturalismo e da "invasão muçulmana".






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