Atirador fez mais de 60 disparos e recarregou 9 vezes no Rio
A Polícia Civil informou nesta sexta-feira que o Wellington Menezes de Oliveira, 23, disparou mais de 60 tiros com um revólver calibre 38 contra os alunos escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo (zona oeste). O crime ocorreu ontem, e 12 estudantes --dez meninas e dois meninos morreram.
Segundo a polícia, durante o ataque, Oliveira recarregou nove vezes a arma. Ele tinha ainda um revólver calibre 32 preso à cintura.
Em entrevista coletiva, o delegado-titular da Delegacia de Homicídios, Felipe Ettore, disse hoje que foram encontradas 62 cápsulas calibre 38 na escola --todas da mesma arma. Segundo o delegado, Oliveira tinha seis "speedloaders", um instrumento usado para recarregar a arma com rapidez.
O revólver 32 que ficou preso à cintura foi usado poucas vezes, afirmou o delegado. Segundo registros da polícia, a arma havia sido roubado 15 anos atrás.
Já o revólver 38 estava com a numeração raspada. "A arma com numeração raspada vai ser rastreada, se possível, pela Drae (Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos) que vai continuar essa investigação", disse Ettore.
Segundo o delegado, uma professora falou o atirador disse que daria uma palestra e, em seguida, começou a atirar contra os alunos. "Ele apenas disse que ia dar uma palestra, sacou as armas e passou a efetuar os disparos de forma aleatória, não buscando, segundo relatos, nenhum alvo, uma pessoa específica, não distinguindo sequer o sexo, saco as duas armas e passou a efetuar os disparos com as duas mãos", afirmou Ettore.
PATOLOGIA
De acordo com o delegado, a investigação sobre o crime, até agora, já revela a possibilidade de Oliveira sofrer de algum problema psicológico.
Seus parentes contaram à polícia que ele tinha hábitos repetitivos, como sempre usar a camisa para dentro da calça e cortar o cabelo exatamente a cada 30 dias, o que revela uma "patologia mental que ele aparentava ter diante dos relatos que nós obtivemos com os familiares", afirma Ettore.
Ainda conforme o delegado, sua mãe biológica era portadora de esquizofrenia, e "isso seria um indicativo que ele poderia ter essa doença hereditária".
"Ele ficou mais recluso depois que os pais faleceram, inclusive se afastando dos familiares que se restaram. Ele sempre teve muita dificuldade de relacionamento com outras pessoas, de interação. É o perfil que a gente tem traçado dele, que era uma pessoa extremamente introvertida e que dessa fatalidade [morte dos pais] deu-se essa válvula de escape e cometeu essa atrocidade", disse o delegado.
ENTERROS
Foram enterrados na manhã desta sexta-feira os corpos de sete das 12 vítimas do massacre. Os enterros reuniram centenas de pessoas em dois cemitérios e deixaram familiares e amigos emocionados --algumas pessoas chegaram a passar mal, mas nenhuma com gravidade.
Rafael Pereira da Silva, 14, foi a quarta vítima sepultada no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap (zona oeste). Mais cedo foram realizados as cerimônias de Larissa dos Santos Atanázio, 13; Karine Lorraine Chagas de Oliveira, 14; e Luiza Paula da Silveira, 14.
Um grupo com mais de 30 mototaxistas levou ao cemitério faixas em homenagem às crianças. No mesmo cemitério, Igor Moraes, 13, será enterrado às 16h.
No cemitério do Murundu, em Padre Miguel, ocorreram os enterros de Mariana Rocha de Souza, 12; Laryssa Silva Martins, 13. Mais de 300 pessoas acompanham as homenagens às estudantes. Entre elas enfermeiros e psicólogos da Secretaria de Saúde, professores e policiais --um helicóptero da Polícia Civil jogou pétalas de rosas.
Também serão enterradas no Murundu as meninas Milena Santos Nascimento, 14, e Bianca Rocha, 13. A adolescente Géssica Guedes Pereira, 15, foi velada no local, mas será enterrada no cemitério Ricardo de Albuquerque, às 15h.
Ainda hoje, deve ser enterrada também Samira Pires, 13, no cemitério de Santa Cruz. Ana Carolina Pacheco da Silva, 13, será enterrada no Memorial do Carmo, no cemitério do Caju (zona portuário do Rio), às 8h
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