O dólar registrou a maior alta percentual em mais de um mês e meio frente ao real nesta Quarta-feira de Cinzas. A moeda americana avançou 0,73%, a R$ 1,657 na venda, operando em alta desde os primeiros negócios da sessão. É o maior ganho diário desde 14 de janeiro, quando a cotação teve acréscimo de 0,96%.
A alta é uma reação às expectativas de que o governo possa anunciar novas medidas para conter a apreciação da divisa brasileira. "Essa valorização se deve basicamente às notícias que saíram na sexta-feira sobre possíveis novas medidas no câmbio. Pelo visto, o governo quis ver o comportamento do mercado hoje para eventualmente anunciar alguma coisa amanhã ou depois", afirmou Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
Na noite de sexta-feira, uma fonte do Ministério da Fazenda disse que as autoridades poderiam anunciar logo após o Carnaval ações para frear os ganhos do real. Segundo a fonte, que pediu anonimato, uma nova elevação da taxação sobre investimentos estrangeiros no país é uma alternativa. De acordo com a fonte, que não descartou a adoção de uma quarentena, o mais provável é que o governo anuncie algo na quinta-feira, após monitorar o comportamento do mercado nesta sessão.
Na visão de Galhardo, medidas como aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre investimentos direcionados à renda fixa ou a tributação sobre ganhos de investidores estrangeiros seriam recebidas pelo mercado com menos apreensão do que uma quarentena, por exemplo. "Uma medida mais drástica, como uma quarentena, poderia até mesmo deixar o investidor ressabiado e abalar a percepção de que é seguro trazer dinheiro ao Brasil."
Segundo Ovídio Soares, operador de câmbio da Interbolsa do Brasil, a subida do dólar nesta quarta-feira se deve à cobertura de posições vendidas de agentes que têm mantido apostas na queda da divisa americana.
Com base em números mais recentes disponibilizados pela BM&FBovespa, os investidores estrangeiros aumentaram a posição vendida na moeda dos Estados Unidos a US$ 15,053 bilhões nos mercados futuro e de cupom cambial. A posição é a maior desde novembro do ano passado.
Após a volta do feriado de Carnaval e com as operações se iniciando por volta das 13h, o volume de negócios era considerado modesto por operadores. Dados da clearing (câmara de compensação) da BM&FBovespa mostravam pouco mais de US$ 1 bilhão perto do fechamento do mercado, contra média diária deste ano ao redor de US$ 2,585 bilhões.
Na quinta-feira, o foco dos mercados recairá sobre a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) - quando o juro básico foi elevado a 11,75% ao ano - e aos dados de fluxo cambial cheios de fevereiro.
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