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Sábado - 05 de Março de 2011 às 20:01

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Cerca de 2,5 mil manifestantes invadiram neste sábado o principal quartel da Segurança do Estado, órgão de repressão do regime de Hosni Mubarak, no nordeste do Cairo, informou a agência oficial egípcia Mena.

Os manifestantes entraram no edifício, situado no bairro de Madinat an Nasr, para recuperar documentos importantes antes que eles sejam queimados ou destruídos, segundo as fontes.

Os manifestantes gritaram palavras de ordem como "Onde está a liberdade entre nós e a Segurança do Estado?", "Todo o povo disse basta, a Segurança do Estado deve ser pisoteada" e "A principal exigência dos revolucionários é que a Segurança do Estado caia".

Desde a manhã deste sábado, várias pessoas se congregaram perante o edifício para pedir a dissolução do serviço e tentaram invadir o local, mas o Exército impediu com o desdobramento de soldados, apoiados por veículos blindados e carros de combate. Centenas de manifestantes conseguiram entrar em outras sedes do corpo de segurança, onde agentes atiraram sem causar vítimas.

O Ministério do Interior egípcio anunciou que realiza um estudo urgente para reestruturar o serviço. A eliminação desse aparelho de segurança é uma das principais exigências dos manifestantes após o afastamento do presidente Mubarak, em 11 de fevereiro, e a renúncia, na quinta-feira passada, do primeiro-ministro Ahmed Shafiq, designado pelo ex-chefe do Estado.

Mundo árabe em convulsão
A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Ali e do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muammar Kadafi, a população vem entrando em sangrento confronto com as forças de segurança, já deixando um saldo de centenas de mortos. Em meio ao crescimento dos protestos em diversas capitaos, Kadafi foi à TV estatal no dia 22 de fevereiro para xingar e ameaçar de morte os opositores, que desafiam seu governo já controlam partes do país. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

 





Fonte: EFE

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