Paris confirma apoio a zona de exclusão aérea sobre a Líbia
O governo francês confirmou neste sábado que apoiou a criação de uma zona de exclusão aérea na Líbia e que trabalha com outros países para aplicá-la, em vista da situação humana no país norte-africano.
O ministro francês de Exteriores, Alain Juppé, entrou em contato neste sábado com Abdel Fatah Younes, do Conselho Nacional líbio, informou o Ministério de Exteriores em comunicado.
Ambos abordaram a situação tanto nas fronteiras da Líbia como no interior do país, acrescentou a nota do Ministério, na qual precisa que Juppé reiterou a condenação "mais firme" da França à atitude do líder líbio, Muammar Kadafi.
"Utilizando a violência contra seu povo, ficou desacreditado", acrescentou no comunicado, onde lembra que o assunto da criação de uma zona de exclusão aérea na Líbia foi abordado esta semana na reunião mantida em Paris entre Juppé e o ministro de Exteriores britânico, William Hague.
Por sua parte, Abdel Fatah Younes confirmou a Juppé o apoio do Conselho Nacional rebelde à criação dessa zona sobre o espaço aéreo líbio e fez um pedido à comunidade internacional para que ajude a transição democrática do país.
Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi
Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.
Os relatos vindos do país não são precisos, mas a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido. Muitas dezenas de milhares já deixaram o país.
Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte. Desde então, as aparições televisivas do líder líbio têm sido frequentes, variando de mensagens em que fala do amor da população até discursos em que promete vazar os olhos da oposição.
Não apenas o clamor das ruas, mas também a pressão política cresce contra o coronel. Internamente, um ministro líbio renunciou e pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbios também pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade. Mais recentemente, o Tribunal Penal Internacional iniciou investigações sobre as ações de Kadafi, contra quem também a Interpol emitiu um alerta internacional.
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