Exército mata quatro manifestantes antirregime no Iêmen
Ao menos quatro pessoas morreram e sete ficaram feridas no norte do Iêmen nesta sexta-feira quando soldados abriram fogo contra manifestantes antigoverno, que pediam a renúncia do ditador do país, Ali Abdullah Saleh.
O Iêmen tem sido palco há semanas de manifestações antirregime, inspiradas pelas revoltas populares no Egito e na Tunísia, e dezenas de milhares de pessoas foram às ruas de diversas cidades no país pedindo o fim do regime de Saleh, um importante aliado nos Estados Unidos na campanha contra o braço da rede terrorista Al Qaeda instalado no país.
No entanto, o ditador prometeu que continuará no poder até as eleições nacionais de 2013 --oferta que foi rejeitada pelos manifestantes.
Testemunhas afirmaram que os tiroteios registrados nesta sexta-feira na cidade de Harf Sofyan ocorreram enquanto soldados tentavam dispersar milhares de pessoas que tomaram a rua principal da localidade para as orações de sexta-feira.
Soldados em um posto militar abriram fogo com metralhadoras, acreditando que os manifestantes estavam tentando atacar o posto, segundo uma testemunha que falou à agência de notícias Associated Press sob condição de anonimato com temor de represálias do governo.
Os manifestantes jogaram pedras contra as tropas e pediram para Saleh renunciar, gritando: "Saia! Saia!".
A cidade, localizada na província de Amran, é uma base importante para a tribo xiita Hawthi que, nos últimos seis anos, tem travado uma luta contra o governo.
Na capital iemenita, Sanaa, dezenas de milhares de pessoas se reuniram nas proximidades na Universidade de Sanaa para exigir a renúncia de Saleh. Forças de segurança observaram a multidão de perto, mas sem partir para a violência.
Pela primeira vez, centenas de mulheres participaram dos protestos.
Na cidade de Áden, ao sul, dezenas de milhares de pessoas carregaram os caixões de três pessoas mortas na semana passada.
Os sermões das orações de sexta-feira foram focados na queda do regime.
O principal orador na Universidade de Sanaa, Yahia Hussein al Deilami, afirmou à multidão presidente no local que "depor um tirano é um dever religioso".
Deilami, um líder da tribo Hawthi, foi sentenciado à morte há três anos, mas foi perdoado por Saleh após o governo ter chegado a um acordo com os rebeldes da tribo.
"Esse regime --um punhado de autoridades corruptas--, tem encorajado propinas, corrupção e a pilhagem das riquezas da nação", disse.
Também foram registrados protestos em Taiz, Hadramawt, Ibb e Hudaydah no que foi chamado de "Sexta-feira da coesão nacional".
No Egito, a embaixada iemenita afirmou que o embaixador foi atacado na última terça-feira por homens armados enquanto viajava para a província de Assiut, no sul, mas que ele escapou sem ferimentos.
A embaixada informou que Abdel Wali al Shimiri seguia para Assiut para se reunir com estudantes iemenitas, e foi atacado quando parou seu veículo em um posto de verificação. Os homens armados tentaram tirá-lo do carro, mas diversos guardas, que estavam em outro veículo, confrontaram os criminosos, que tinham o apoio de outras pessoas em mais três carros e conseguiram levar as armas pessoais dos guardas, laptops e pastas antes de fugir.
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