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Economia
Sexta - 04 de Março de 2011 às 13:02

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Dois dias após o Banco Central ter dado continuidade ao ciclo de aperto monetário para combater as pressões inflacionárias, o IPCA mostrou desaceleração em fevereiro, ajudado pelo arrefecimento do grupo Alimentação.

 

 

 

 

 

 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo subiu 0,80 % no mês passado, segundo o IBGE, abaixo da alta de 0,83 por cento em janeiro e da mediana das previsões de analistas, que apontava leve aceleração para 0,85 %. As estimativas variavam de 0,73 a 0,90 %.

 

 

 

 

 

 

"O IPCA já começa a apontar para leituras mais benignas daqui para frente. Continuou pressionado o grupo Educação, que deve começar a perder força já no próximo mês", destacou Luciano Rostagno, estrategista-chefe da CM Capital Markets.

 

 

 

 

 

 

O grupo Educação foi o grande vilão da inflação no mês passado, com avanço de 5,81 %, sendo responsável por 51 por cento do índice. Em janeiro, esse grupo havia subido 0,30 % e a expressiva aceleração se deveu ao reajuste de mensalidades dos cursos de ensino formal.

 

 

 

 

 

 

Pela metodologia do IBGE, o impacto de matrículas e cursos é apropriado somente em fevereiro. Segundo o instituto, os cursos formais e informais subiram mais que a inflação do ano passado agora em fevereiro. Enquanto o IPCA subiu 5,91 % em 2010, as mensalidades dos cursos formais subiram 6,41 %. Os não formais, como idiomas, esportes e outros, aumentaram seus preços em 8,25 %.

 

 

 

 

 

 

"As escolas têm argumentado a pressão do salário mínimo, aumento da inadimplência e também o espaço para o repasse com o aumento da renda", avaliou a economista do IBGE, Eulina Nunes dos Santos. Já o grupo Alimentação, que nos últimos seis meses responde por 44 % do IPCA acumulado, segundo o IBGE, mostrou arrefecimento em fevereiro, com a alta passando de 1,16 para 0,23 %. A desaceleração foi puxada por quedas em diversos produtos como feijões, carnes, leite, arroz, queijo, açúcar, frango e macarrão, que pesam no bolso do consumidor.

 

 

 

 

 

 

Transportes, que também teve forte peso na inflação do começo do ano, reduziu o aumento para 0,46 %, de 1,55 % em janeiro. O grupo Despesas Pessoais subiu 1,43 por cento em fevereiro, após alta de 0,83 % em janeiro, impulsionado pelo aumento nos preços de cigarros, jogos de azar e salários dos empregados domésticos.

 

 

 

 

 

 

"O setor de serviços aumentou 2,28 % em fevereiro de 2011 e... o setor de serviços excluindo educação subiu 0,84 %... o que reforçou a visão de que o processo inflacionário não tem sido limitado aos alimentos", avaliou Flávio Serrano, economista sênior do Espírito Santo Investment Bank, em relatório.

 

 

 

 

 

 

"Embora esperemos alguma desaceleração no índice geral e no núcleo em março de 2011, não prevemos alívio consistente em termos de comportamento dos preços de serviços no curto prazo", acrescentou. "Assim, os participantes do mercado provavelmente continuarão preocupados com o cenário inflacionário."

 

 

 

 

 

 

As expectativas inflacionárias vêm subindo no boletim Focus há semanas e uma parte do mercado financeiro acredita que o Banco Central está atrás da curva de juro, o que tem se refletindo na alta das projeções mais longas no mercado de juros futuros. Alguns players esperavam que o Copom subisse a Selic em 0,75 ponto percentual esta semana.

 

 

 

 

 

 

O Copom manteve o ritmo da reunião de janeiro e elevou o juro básico para 11,75 %. Além da política monetária, o governo espera que as medidas macroprudenciais e o ajuste fiscal ajudem a combater as pressões inflacionárias.

 

 

 

 

 

 

Na véspera, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a inflação já está desacelerando e, na semana passada, ele havia dito que as medidas macroprudenciais são mais efetivas contra a inflação.

 

 

 

 

Mas a inflação nos 12 meses até fevereiro foi de 6,01 por cento, a maior desde novembro de 2008, quando a taxa nessa base foi de 6,39 %. A economista do IBGE afirmou que essa taxa está em tendência crescente. O governo tem como meta central para a inflação no ano 4,5 %, com faixa de variação de 2 pontos percentuais. A meta, porém, vale para o ano-calendário, e não para a medida de 12 meses.

 

 

 

 

Rostagno acredita que a inflação em 12 meses atingiu o pico no curto prazo e deve cair em março, embora volte a subir entre junho e setembro. "Voltará a subir a partir de junho por conta da base de comparação muito baixa do ano passado... mas volta a arrefecer a partir de setembro", explicou.





Fonte: Reuters

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