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Internacional
Sexta - 04 de Março de 2011 às 10:18

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Milhares de pessoas se manifestaram nesta sexta-feira em Bagdá e outras cidades do sul do Iraque para protestar contra o estado dos serviços públicos, a corrupção, o desemprego e a incompetência de seus dirigentes. Inúmeras convocações de mobilização foram lançadas nos últimos dias, em um protesto inspirado pelas revoltas populares no mundo árabe.

Um grupo em particular usou o Facebook para convocar os eleitores a gritar nas ruas sua decepção em relação ao representantes políticos, um ano depois das legislativas de 7 de março. Em meio a um forte dispositivo de segurança, cerca de 2.000 manifestantes, muitos enrolados na bandeira iraquiana, se reuniu na Praça Tahrir, no centro da capital.

"O petróleo para o povo e não para os ladrões", "Manifestamos porque amamos nosso país e queremos que seja melhor", "Lutamos por uma verdadera democracia", eram alguns dos slogans cantados. Blocos de proteção de concreto foram colocados na ponte Al Yumhuriya sobre o rio Tigre, para impedir que os manifestantes se aproximassem da Zona Verde, setor ultraprotegido do outro lado do rio.

Também houve manifestações nas cidades xiitas do sul como Basra e outra em Najaf, Samawa, Fao e Hilla, segundo o jornalista da AFP. Um cinegrafista do canal iraniano Al-Alam ficou ferido em circunstâncias ainda determinadas, segundo a mesma fonte. A circulação foi proibida no conjunto das províncias ao norte de Bagdá que não pertencem à região autônoma do Curdistão.

No total, 22 manifestantes e um policial morreram nos protestos que começaram no início de fevereiro no Iraque, e que resultaram, em 25 de fevereiro, num primeiro "Dia da Ira", com manifestações em cerca de vinte ciades.

Mundo árabe em convulsão
A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Ali e do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muammar Kadafi, a população vem entrando em sangrento confronto com as forças de segurança, já deixando um saldo de centenas de mortos. Em meio ao crescimento dos protestos na capital Trípoli e nas cidades de Benghazi e Tobruk, Kadafi foi  TV estatal no dia 22 de feveiro para xingar e ameaçar de morte os opositores que desafiam seu governo. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.





Fonte: AFP

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