Gaddafi ataca áreas petrolíferas sob comando de rebeldes
As forças de Muammar Gaddafi atacaram nesta quinta-feira, pelo segundo dia consecutivo, forças rebeldes que controlam terminais de exportação petrolífera no leste da Líbia, enquanto governos árabes avaliam um plano para acabar com a crise no país.
Um líder da rebelião anti-Gaddafi disse que rejeitará qualquer proposta de negociações com o dirigente, no poder há 41 anos.
Testemunhas relataram que um avião militar bombardeou a localidade de Brega, no leste da Líbia, um dia depois de tropas leais a Gaddafi realizarem um ataque terrestre e aéreo contra a cidade, que foi repelido pelos rebeldes.
Os rebeldes, que estão armados com lançadores de foguetes, canhões antiaéreos e tanques, pediram na quarta-feira que a ONU autorize bombardeios aéreos estrangeiros contra supostos mercenários estrangeiros a soldo do regime.
Na quinta-feira, os rebeldes propuseram também a adoção de uma zona de exclusão aérea, ecoando o apelo feito pelo vice-embaixador líbio na ONU, que rompeu com Gaddafi.
"Tragam o Bush! Façam uma zona de exclusão aérea, bombardeiem os aviões", gritava o soldado rebelado Nasr Ali, referindo-se à zona de exclusão aérea imposta no Iraque em 1991, quando o presidente dos EUA era George H.W. Bush.
Mas, talvez cientes da advertência feita por Gaddafi de que uma intervenção estrangeira poderia causar "um outro Vietnã", os governos ocidentais expressam cautela sobre qualquer tipo de envolvimento militar, inclusive a imposição da zona de exclusão aérea.
Um oficial rebelde disse que ataques aéreos do governo tiveram como alvo o aeroporto de Brega e uma posição rebelde na vizinha cidade de Ajdabiyah.
Soldados contrários a Gaddafi informaram também que as forças governistas foram expulsas para Ras Lanuf, onde fica outro terminal petrolífero importante, 600 quilômetros a leste de Trípoli.
"As forças de Gaddafi estão em Ras Lanuf", disse à Reuters Mohammed al Maghrabi, que combate como voluntário com os rebeldes. Outros combatentes fizeram declarações semelhantes.
Numa cena violenta em Al Ugayla, a leste de Ras Lanuf, um rebelde gritava a poucos centímetros do rosto de um jovem africano detido sob a suspeita de ser mercenário: "Você estava portando armas, sim ou não? Você estava com as brigadas de Gaddafi, sim ou não?".
O jovem, em silêncio, foi empurrado até cair de joelhos no chão de terra. Um homem colocou uma pistola perto do rosto do rapaz, mas um jornalista protestou dizendo ao homem que os rebeldes não são juízes.
A revolta, a mais sangrenta na atual onda de rebeliões do Oriente Médio e Norte da África, está causando uma crise humanitária, sobretudo na fronteira com a Tunísia, onde dezenas de milhares de trabalhadores estrangeiros se refugiaram.
A rebelião na Líbia — 12o maior exportador mundial de petróleo — também reduziu em quase 50 por cento a produção diária do país, de 1,6 milhão de barris por dia, que é a base da economia nacional.
Diante da crescente tensão entre as forças de Gaddafi e os rebeldes que já ocupam parte do país, o líder da Liga Árabe, Amr Moussa, afirmou que um plano de paz proposto pela Venezuela estava sendo avaliado.
"Fomos informados do planos do presidente (Hugo) Chávez, mas ainda está em consideração", disse Moussa à Reuters nesta quinta. "Nós consultamos vários líderes ontem", acrescentou Moussa.
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