Contaminação atinge 70% do leite produzido em três cidades de São Paulo
Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) de Piracicaba avaliaram a qualidade do leite cru produzido por três laticínios dos municípios de Brotas, Pirassununga e Piracicaba, no interior do Estado, e descobriram que 70% do leite estava com elevada contaminação por coliformes fecais e totais. As informações são da Agência USP de Notícias.
Os índices de coliformes fecais funcionam como indicadores da contaminação por fezes de animais ou do homem, de acordo com o orientador do estudo, o professor Ernani Porto, da Esalq (Escola de Agricultura Luiz de Queiroz).
- Os coliformes significam uma poluição fecal, com potencial risco de doenças que atacam o sistema digestivo do consumidor.
Segundo o estudo, o primeiro laticínio apresentava 86% de sua produção com uma quantidade de coliformes acima do aceitável. A segunda tinha 75% e a terceira contava com 72% acima.
Além da análise do leite cru, também foram avaliadas as condições de higiene de 75 fazendas que abastecem os três laticínios. Os resultados mostraram que 77,3% das propriedades apresentavam condições insatisfatórias de produção de leite, higienização de equipamentos e infraestrutura.
Ambiente de ordenha
De acordo com normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o leite deve ser refrigerado a 4°C com o objetivo de impedir o desenvolvimento de microorganismos. Mas isso deve estar acompanhado pela higiene na ordenha, limpeza adequada dos equipamentos e mão de obra qualificada.
Para Tarsila Mendes de Camargo, pesquisadora que coordenou o estudo, muitos fazendeiros conhecem as regulamentações do Ministério da Agricultura, porém não são cuidadosos na sua aplicação.
- Muitos fazendeiros lavam o úbere (que secreta o leite) da vaca, mas, ou eles não secam ou fazem isso com panos sujos, ao invés de toalhas descartáveis. Muitos utilizam a ordenha mecânica e, depois, não a higienizam corretamente. Com isso, a higiene do local e do produto fica comprometida.
Segundo a pesquisadora, “é no estábulo de ordenha que o leite recebe as maiores contaminações”.
O estudo também indicou que algumas fazendas seguem as práticas do ministério e produzem um leite cru de alta qualidade. No entanto, embora o leite individual de alguns produtores tivesse contaminação muito baixa, o resultado final do conjunto de produtores é um leite insatisfatório. O mau produtor anula o trabalho do bom, segundo o coordenador do estudo.
- Quando esse leite de alta qualidade chega nas usinas dos grandes laticínios, ele é misturado com o leite de outras fazendas que possuem um leite de baixa qualidade ou contaminado.
O estudo também procurou identificar a bactéria Listeria monocytogenes, responsável por causar infecção severa no organismo e outras doenças, como meningite e encefalite. A análise do leite das 75 fazendas, no entanto, não identificou a presença desta bactéria.
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