Acusado de agressão em livraria é inimputável, diz Justiça
A 1ª Vara do Júri de São Paulo declarou na segunda-feira (28) que o homem acusado de atacar um jovem com um taco de beisebol dentro de uma livraria em São Paulo é inimputável (que não pode ser considerado responsável pelos atos) e deve cumprir medida de segurança --ao menos um ano de internação em hospital de custódia.
O personal trainer Alessandre Fernando Aleixo, 38, deu um golpe na cabeça do designer Henrique Carvalho Pereira, 22, na livraria Cultura da av. Paulista (região central de São Paulo) em dezembro de 2009. A vítima morreu depois de ficar dez meses em coma.
Um laudo atestou a insanidade mental do acusado, declarando que ele é portador de transtorno delirante persistente, o que o torna incapaz de entender o caráter ilícito de sua conduta.
Na decisão, a juíza Carla de Oliveira Pinto Ferrari afirma que no próprio interrogatório o acusado apresentou raciocínio "confuso", "desconexo" e uma "impossibilidade de compreensão exata" das consequências de sua atitude -- um "quadro de completa confusão mental".
Ainda de acordo com a decisão, Aleixo deve ficar internado por um prazo mínimo de um ano, até que seja constatado que ele não é mais perigoso.
ATAQUE
Henrique foi atacado quando folheava um livro na livraria. Segundo a Polícia Civil, o agressor, Alessandre Fernando Aleixo, que já havia quebrado uma vitrine da livraria, não conhecia o rapaz. O circuito interno de segurança da loja registrou a ação.
Em agosto de 2010, a juíza Tânia Magalhães Avelar Moreira da Silveira, do 1º Tribunal do Júri de São Paulo, determinou que Aleixo fosse transferido para um manicômio judiciário. Na época, a juíza afirmou que a transferência serviria para "resguardar a integridade física do acusado, bem como dos demais detentos recolhidos no estabelecimento prisional" em que ele estava.
No inquérito que apurou a agressão, Aleixo já havia dito que, ao atacar o estudante, pretendia atingir a Livraria Cultura. Posteriormente, em audiência na Justiça de São Paulo, ele afirmou que queria "chamar a atenção da justiça para punir os pagãos que perseguem os cristãos". Disse ainda que poderia ter atingido qualquer pessoa.
De acordo com o Hospital das Clínicas, Henrique morreu às 5h30 do dia 22 de outubro de 2010 por falência de múltiplos órgãos. Ele teria permanecido "em estado grave, inconsciente e respirando com a ajuda de aparelhos" durante os 10 meses em que ficou no hospital.
Em entrevista à Folha na época da morte, o pai da vítima, Elifas Pereira, diz que nunca desistiu do filho e que espera que o agressor "seja cuidado para não fazer de novo o que fez e causar tanto sofrimento a outra família."
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