Forças pró-Gaddafi tentam reconquistar cidade estratégica
Forças leais ao ditador líbio, Muammar Gaddafi, lançaram uma batalha de seis horas na madrugada desta terça-feira para tentar reconquistar a estratégica Zawiya, apenas 50 km ao oeste da capital Trípoli.
Gaddafi chegou a ameaçar bombardear os opositores em Zawiya, segundo o canal de TV Al Jazeera.
Os rebeldes, que incluem militares desertores, estão armados com tanques, metralhadoras e bateria antiaérea. Eles reagiram ao avanço das tropas de Gaddafi, que levava as mesmas armas e atacaram de seis direções. Não há relatos de vítimas no combate.
As forças do ditador, que resiste à forte pressão interna e internacional, também tentaram reconquistar Misrata, a terceira maior cidade líbia, localizada 200 km a leste de Trípoli. As forças rebeldes conseguiram derrotá-las, mas um dos porta-vozes dos chamados "jovens da revolução de 17 de fevereiro" garantiu ao canal Al Jazeera que ao menos três pessoas morreram.
"Nós não desistiremos de Zawiya a nenhum custo", disse uma testemunha, que preferiu não se identificar. "Nós sabemos que ela é estrategicamente importante. Eles lutarão para consegui-la, mas nós não desistiremos. Nós conseguimos derrotá-los porque nossos espíritos são nobres e os espíritos deles são nada".
Gaddafi, que está no poder há mais de 41 anos, já perdeu o controle da metade leste do país desde que os protestos pedindo sua queda começaram há duas semanas. Ele ainda mantém controle da capital Trípoli e cidades próximas.
As testemunhas disseram que os jovens de Zawiya estão nos telhados dos prédios na cidade para monitorar os movimentos das forças pró-Gaddafi e acionar alerta em caso de ataque iminente. Elas disseram ainda que o regime Gaddafi chegou a oferecer generosas quantias para os rebeldes entregarem o controle da cidade de volta para as autoridades.
AMOR
Nesta terça-feira, o regime procurou mostrar que ainda é a autoridade do país e que continua a sentir compaixão por áreas no leste que caíram sob o controle de seus oponentes.
Um total de 18 caminhões carregados de arroz, farinha de trigo, açúcar e ovos deixou Trípoli para Benghazi, segunda maior cidade do país, mil km a leste da capital. Também no comboio foram dois carros refrigerados levando suprimentos médicos.
O comboio foi recebido com uma pequena demonstração pró-Gaddafi. "Deus, Gaddafi, Líbia e é isso", gritavam os manifestantes. "O Estado é muito generoso com as pessoas", disse Ahmed Mahmoud, 22, enquanto observava o comboio.
Nesta segunda-feira, Gaddafi declarou durante entrevista à jornalista Christiane Amanpour, da rede de TV americana ABC, que o povo líbio "o ama" e "morreria por ele".
"Todo meu povo me ama. Eles morreriam para me proteger", afirmou o líder líbio, de acordo com uma mensagem de Amanpour postada em seu Twitter.
Na entrevista, da qual a rede BBC também participou, Gaddafi também negou-se a admitir que existem demonstrações de opositores nas ruas de Trípoli, segundo a jornalista.
O ditador acusou ainda os países ocidentais de abandonarem seu governo na luta contra "terroristas". "Estou surpreso que tenhamos uma aliança com o Ocidente para combater a Al Qaeda, e agora que estamos lutando contra terroristas, eles nos abandonaram. Talvez eles queiram ocupar a Líbia", disse.
Gaddafi, que enfrenta uma revolta popular contra seu governo de 41 anos, chamou também o presidente dos EUA, Barack Obama, de "bom homem", mas afirmou que ele parecia estar "informado de maneira errada" sobre a situação na Líbia.
"As declarações que ouvi dele devem ter vindo de outra pessoa. A América (EUA) não é a polícia internacional do mundo", acrescentou Gaddafi.
Na conversa, o ditador reiterou que não pode renunciar, já que oficialmente "não é nem presidente nem rei".
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