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Internacional
Quinta - 24 de Fevereiro de 2011 às 10:32

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Protestos e uma pegadinha por telefone ameaçam o governador do Estado americano de Wisconsin, o republicano Scott Walker, após ele revelar a intenção de "quebrar" os sindicatos. Distante de centros como Nova Iorque e Califórnia, o Estado produtor de leite vive uma convulsão que começou quando Walker propôs, há uma semana, limitar a atividade dos sindicatos sob o pretexto de aumentar a geração de empregos no setor privado.

A medida já causava rejeição de trabalhadores e gerava protestos até que, na quarta-feira (23), o governador viu a tensão aumentar depois de cair na pegadinha de um jornal de humor de Buffalo, em Nova Iorque.

Um jornalista do site que costuma satirizar políticos fingiu ser um empresário e amigo do governador Walker. Ligou para o gabinete e, inesperadamente, foi atendido. Falando sobre os opositores do projeto, congressistas do Partido Democrata, o governador confessou. "Penso que devem ir pro inferno... Se quiserem, podem gritar comigo por uma hora, estou acostumado, mas não vou negociar".

O jornalista se apresentou como David Koch, dono de uma empresa privada de energia. A conversa do falso empresário e do governador foi publicada no jornal de humor Buffalo Beast ("beast" em inglês quer dizer "fera" ou "besta") e teve destaque no diário Huffington Post, que tem acompanhado o embate em Wisconsin. O site do Beast ficou fora do ar durante um dia sem explicações, mas a conversa foi reproduzida por uma série de publicações americanas.

A lei e os direitos trabalhistas

A proposta apresentada pelo governador Walker no último dia 15 muda as regras para negociações coletivas no Estado. Trabalhadores sindicalizados terão que votar ano a ano se autorizam ou não o sindicato de seu setor a representá-los, o que enfraquece as centrais. A burocracia também aumenta. O pagamento a sindicatos não poderia ser debitado diretamente do salário dos funcionários, o que pode quebrar muitas entidades que têm nessas taxas a principal forma de sobrevivência.

Para especialistas, Walker está usando os sindicatos como bode expiatório para os problemas financeiros do Estado. A professora Rebecca Givan, especialista em relações de trabalho da Universidade de Cornell declarou a um veículo universitário que revisões da legislação como essa costumam ser feitas para quebrar os sindicatos e mantê-los fora da política. Ela teme que a medida de Wisconsin "inspire" outros governantes americanos. Em Indiana, já há um projeto parecido.

No sábado (19), mais de 30 mil manifestantes saíram às ruas, informam os jornais locais. Nesta quarta-feira, depois das notícias da "pegadinha" em que o governador caiu, houve protestos em frente à sede do governo. Segundo a principal força sindicalista americana, a AFL-CIO, pelo menos 50 eventos em 29 Estados estão planejados como uma forma de prestar solidariedade aos trabalhadores de Wisconsin.

Intimidade

O que mais ajudou a prejudicar a imagem do governador de Wisconsin foi a aparente intimidade dele com o tal empresário. A lei que Walker deseja implantar busca, abertamente, favorecer empresas privadas com o argumento de que assim elas "contratariam mais".

Em um dado momento da pegadinha, o governador afirma que a lei proposta dividiria os sindicatos de trabalhadores públicos e privados, e Walker soou otimista ao falar com quem pensava ser o colega empresário: "Esse é o nosso momento".

O porta-voz do governo de Wisconsin falou à imprensa e confirmou a ligação feita ao governador Walker. Mas, em defesa Walker, afirmou que "a conversa só mostra que o governador defende, na sua intimidade, o mesmo que defende em público".





Fonte: Reuters

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