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Quarta - 23 de Fevereiro de 2011 às 06:14

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Divulgação
Cena de
Cena de "Bruna Surfistinha"

Para o filme que promete ser a grande bilheteria do cinema nacional neste primeiro semestre de 2011, há aqueles que irão apenas para ver Deborah Secco nua, há os que pagarão o ingresso porque se trata da história da garota de programa mais famosa do País e, em sua maioria, a fila vai crescer nas redes multiplex porque a combinação entre a persona de Deborah Secco e a persona Bruna Surfistinha é por demais tentadora para resistir. E à margem de todo esse gigante público-alvo, há uma parcela de gente que vai entrar no cinema disposta a falar mal do filme. Todos esses segmentos de espectadores devem, de um jeito ou de outro, sair da sala com um conflito entre sua expectativa inicial e o produto final em tela.

Extraindo de cena valores morais e a representação da nudez e do sexo em si, Bruna Surfistinha é, essencialmente, um filme que dá certo. Sem mérito ou demérito implícito. O primeiro longa de ficção do diretor Marcus Baldini funciona porque foi, ao mesmo tempo, despretensioso dentro do set de filmagens e corajoso fora dele. Criando um roteiro redondo para um livro que conta a versão da própria Bruna sobre os altos e baixos de sua carreira como garota de programa, Baldini consegue contar a história do jeito como a personagem é vendida: como entretenimento e nada mais. Para isso, construiu uma trama comportada num filme de marketing naturalmente agressivo.

Não há reflexões profundas sobre o ofício da prostituta, nem escavações emocionais nos conflitos familiares que levaram Raquel Pacheco, nome real da Bruna Surfistinha, a chegar onde ela chegou. Mas há uma construção bem honesta de como a personagem passa por diferentes camadas de conquistas e frustrações ao longo de sua trajetória. Deborah Secco está bem no papel, ainda que dificilmente consigamos nos desvencilhar da imagem da atriz que se ergue diante da personagem. Há de se reconhecer, no entanto, seu esforço em dar o tom da descoberta e do "desvirginamento" da moça diante da realidade do sexo pago, do muquifo dividido, das roupas de cama que precisam ser lavadas a toda hora.

Para quem espera por sacanagens pouco convencionais e mais violentas, é preciso salientar que o filme suaviza e plastifica aquilo que, numa proposta menos comercial, seria facilmente percebida como situações indigestas. Ou seja, aos que vão assistir a Deborah Secco nua, ok, ela passa boa parte do filme exibindo sua boa forma em nus quase frontais. Sim, quase. Aos que vão torcendo por cenas de sexo mais quentes tais como as relatadas pela própria Bruna Surfistinha em seu livro - O Doce Veneno do Escorpião -, entendam que este é um filme censura 16 anos, portanto, nada tão absurdo assim vai pular em tela grande na sua frente. É tudo quase chocante, pero no mucho.

Em passos cuidadosos, bem filmados, bem editados e excepcionalmente bem musicados por uma trilha forte, a trama toma caminhos naturais: começa no núcleo familiar, logo passa para o chamado "privê" onde ela é contratada como garota de programa para a casa administrada pela personagem de Drica Moraes - que, aliás, dá sempre um espetáculo à parte em cena -, caminha depois para o momento em que ela passa a ter carreira solo, quando finalmente inaugura seu popular blog e na sequência se afunda no período em que a personagem cai do salto e "miguela" seu corpo por muito pouco para conseguir comprar cocaína. Naturalmente, o filme tem seu desfecho no momento em que Bruna volta, por alguns instantes, a ser Raquel. Fecha-se o ciclo do autodescobrimento.

Nesse percurso, a protagonista lida mais diretamente com algumas personagens centrais em sua trajetória. Além da cafetã vivida por Drica Moraes, há a primeira rival vivida pela também excelente Fabiula Nascimento, há a melhor amiga interpretada por Cristina Lago, a pretensa amiga da alta sociedade vivida por Guta Ruiz e, claro, o cliente que termina se apaixonando pelo produto que compra, aqui na pele do ator que, recentemente, tem sido pé-quente em bilheteria: Cássio Gabus Mendes (Chico Xavier e Se Eu Fosse Você 2). E pelo ritmo e decisões do roteiro despretensioso e, mais uma vez, quase complacente com uma personagem quase heroína, tudo indica que Gabus Mendes vai novamente vingar uma bilheteria milionária numa produção co-estrelada por ele. 





Fonte: Terra

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