Porcos e cabras criados na área urbana de Cuiabá
Apesar de proibida pela Vigilância Sanitária de Cuiabá (MT), a criação de animais no perímetro urbano ainda faz parte do cotidiano da cidade. No bairro Novo Paraíso, saída para o aterro sanitário, dezenas de porcos, cabras e vacas circulam pelas ruas, próximo às residências, causando mau cheiro, proliferação de insetos, roedores e baratas, que são focos de inúmeras doenças. O “chiqueiro urbano” parece combinar com o cenário que se vê nos últimos tempos em Cuiabá: lixo espalhado todos os cantos devido à inoperância dos serviços de limpeza. Porém não combina nada com uma cidade sede da Copa 2014.
Moradores como o pedreiro Antônio Benedito de Jesus, que mora há mais de 10 anos no bairro, dizem já ter ligado na Vigilância Sanitária de Cuiabá várias vezes para denunciar o dono dos porcos sem que houvesse uma solução para o problema. “Ao menos se o vizinho criasse os animais no quintal de sua casa”, observa o pedreiro, revoltando ainda com os moradores que jogam lixo na rua e restos de comida. “Isso aqui virou um grande chiqueiro”, reclama.
Patrícia Mendes, dona de casa, teme que seus filhos, todos menores de 10 anos, contraiam alguma doença porque passam por ali diariamente. “Sem falar o mau cheiro. Quando a gente está almoçando dá até vontade de parar de comer”, diz a moradora.
Mãe de Mateus (2) e Maria Eduarda (04), Liliane de Magalhães diz que já denunciou à Prefeitura de Cuiabá. “Eles disseram que não podem fazer nada porque o bairro não é legalizado”, conta a dona de casa, que não pode deixar sacos de lixo na porta de sua residência por causa das cabras e porcos criados pelo vizinho, conhecido pelo apelido de “Garoa”.
Dona Isabel Bruni está esfregando as roupas com as mãos porque uma das cabras destruiu sua máquina de lavar. A neta de 10 anos foi atacada pelos animais e sofreu escoriações pelo corpo. Dias atrás, outro vizinho amarrou quatro cabras em seu quintal após os animais arranharem seu veículo. A reação gerou um conflito com “Garoa”, senhor idoso que alega não ter onde criar os animais e que depende deles para sobreviver. Ele também cria vacas.
Outra moradora, dona Jurema Magalhães, que também teve um de seus veículos arranhado pelas cabras, diz que não levou adiante a questão com o vizinho porque é evangélica. Mas entende que ele deveria criar os animais em outro local.
Os agentes de saúde, que visitam as residências do município, têm a obrigação de orientar os criadores e também tem autonomia para protocolar uma denúncia, o que, pelo visto, não está acontecendo em Cuiabá. A punição para os proprietários, dependendo do grau de gravidade, pode ser uma notificação e até uma multa.
A criação desses animais ocasiona proliferação de vetores, e, consequentemente, aumenta o risco de doenças. A mosca, por exemplo, é um dos maiores causadores de enfermidades.
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