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Educação/Vestibular
Terça - 22 de Fevereiro de 2011 às 08:01
Por: GERALDO TAVARES/DC

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DHIEGO MAIA
Seduc sustenta que ‘leigos’ têm didática e que, por meio de concurso, nenhum mais ingressa no quadro
Seduc sustenta que ‘leigos’ têm didática e que, por meio de concurso, nenhum mais ingressa no quadro

Em Mato Grosso, 4,6 mil professores da rede pública de ensino não têm formação superior – regra básica para exercer a profissão. Ainda assim, continuam em sala de aula. A situação contraria o que estipula a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) do Ministério da Educação (MEC).

Dados da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) demonstram que estão nesta condição 2.168, cerca de 9,3% da totalidade dos professores (23.267) professores da rede. Mas o maior problema está na rede municipal de ensino, que concentra 2.432 professores sem diploma. Estão também na mesma situação muitos professores indígenas. A reportagem não conseguiu a informação quanto ao total de docentes nas redes municipais de ensino.

Para a Seduc, esses profissionais são autodidatas e são conhecidos como “leigos”, com formação obtida na lida do dia-a-dia. Eles estão em praticamente todas as áreas rurais e em municípios distantes da Capital. A pasta da educação, porém, não sabe dizer em quais séries grande parte desses profissionais leciona. Para a LDB, do 6º ano do ensino fundamental até o 3º ano do Ensino Médio é obrigatório o professor ter formação superior completa.

De acordo com a secretária-adjunta de Políticas Educacionais da Seduc, Fátima Resende, esses profissionais são concursados e no mínimo têm formação em magistério. “Eles têm didática e estão em locais onde só se chega de barco ou de avião”, explica Resende. Para ela, pelas dimensões continentais do Estado, o número poderia ser ainda maior. “Nós avançamos muito nos últimos anos. Há trinta anos, praticamente todos os professores que estavam em sala de aula eram leigos”, atesta.

Mas não é bem assim como pensa o Sindicato dos Profissionais da Educação (Sintep). A representante da categoria em Cuiabá, Helena Bortolo, avalia que o número de professores sem formação expressa o descaso que o Estado mantém na área da educação. “Demonstra uma falta de comprometimento dos gestores com a educação. O país não precisa apenas de certificados, mas de mão-de-obra qualificada. Sem professores qualificados, não há crescimento”, revela.

Fátima enfatiza, porém, que desde 1998 não adentra à pasta educacional nenhum professor sem nível superior via concurso público. Uma lei aprovada no mesmo ano reconheceu a categoria dos autodidatas e barrou a entrada de novos profissionais sem licenciatura.

DESCOMPASSO – Se por um lado falta formação, por outro existem no Estado cerca de três mil professores lecionando disciplinas fora da área em que se capacitaram. O maior déficit está nas áreas de exatas e ciências da natureza. Programas do governo federal em parceria com instituições estaduais tentam minimizar o problema com cursos de ensino à distância. Para Bortolo, o professor que gozava de prestígio no passado anda desestimulado. “Ainda hoje falta o mais básico que são as carteiras nas salas de aula. Bons salários aliados à formação de qualidade podem mudar esse quadro”, finaliza.






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