Americano que matou 2 paquistaneses trabalhava para a CIA, segundo imprensa
O funcionário do consulado americano em Lahore (Paquistão) Raymond Davis, acusado de matar dois paquistaneses que supostamente o perseguiam em duas motocicletas, trabalhava para a CIA (agência de inteligência americana), segundo informou nesta segunda-feira a imprensa americana.
A imprensa, que cita altos funcionários que falaram sob a condição de anonimato, ressalta que Davis, de 36 anos e descrito pela representação americana como um "diplomata" que pertence à "equipe técnica e administrativa da embaixada", trabalhava na realidade como contratista independente para a CIA.
O caso gerou tensões entre o Paquistão e os Estados Unidos, que ressaltaram que Davis atuou em defesa própria e deveria ser libertado por ter imunidade diplomática.
No entanto, segundo o "The Washington Post", Davis dedicou os últimos dois anos para trabalhar como membro de um grupo encoberto da CIA, cuja missão é vigiar grupos de insurgentes em várias cidades paquistanesas, inclusive Lahore.
O jornal, que cita um funcionário americano, indica que o impacto da divulgação dessa informação é "muito grave", pois vai aumentar as tensões com o Paquistão, que desconfiava que Davis se tratava apenas de um diplomata.
O tribunal de Lahore que julga Davis adiou na semana passada para 14 de março suas audiências sobre o caso para que o Ministério de Assuntos Exteriores paquistanês informasse se o acusado tem imunidade diplomática.
A ambiguidade dos EUA sobre o cargo do acusado e a precisão dos disparos feitos por ele alimentaram as suspeitas em Islamabad de que fosse um contratista ou estivesse ligado ao âmbito da segurança.
Segundo o "The Washington Post", quando os disparos foram feitos em 27 de janeiro, Davis estava fazendo um reconhecimento da área para preparar operações de vigilância.
O americano, que já tinha trabalhado para a empresa de segurança Blackwater, foi enviado a Lahore no marco de um plano de segurança mundial da CIA através do qual a agência enviava uma equipe de segurança privada e guarda-costas a regiões em conflito como Afeganistão e Paquistão, informou a cadeia "ABC".
As pessoas que fazem parte deste grupo costumam oferecer proteção aos agentes da CIA que se reúnem com fontes clandestinas.
Davis e um grupo de antigos funcionários de outras empresas de segurança viviam em um apartamento em Lahore onde a CIA costuma abrigar esses colaboradores para mantê-los protegidos.
O Governo americano manifestou sua preocupação com a situação de Davis, pois ele está em uma prisão com 4 mil presos e há notícias de pelo menos três detentos que foram assassinados pelos guardas na penitenciária.
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