Governo quer eletrodoméstico eficiente
O combate ao desperdício de energia, que causa um prejuízo de, pelo menos, R$ 10 bilhões por ano, o governo pretende ampliar o número de eletrodomésticos que consomem menos energia elétrica.
Nos próximos dois anos, aparelhos de micro-ondas, ventiladores, ferros e chuveiros elétricos serão incluídos em programas de certificação de consumo.
Eles receberão o selo do Procel (Programa de Conservação de Energia Elétrica), que indica que o eletrodoméstico consome menos energia.
A expectativa é que esses produtos possam gastar até 50% menos, a exemplo do que acontece com eletrodomésticos que já são certificados nesse quesito.
Os aparelhos mais eficientes garantem, em média, uma economia de 1,5% de toda a energia gerada no país. Em um ano, isso equivale ao fornecimento de energia para uma cidade com 3 milhões de casas. São reduzidas, ao mesmo tempo, emissões de gás carbônico correspondentes ao que 50 mil carros lançam na atmosfera todo ano.
Com a entrada desses novos eletrodomésticos, a economia pode chegar a até 3% do total consumido.
"À medida que o poder aquisitivo da população brasileira cresce, as pessoas compram mais eletrodomésticos, e o consumo aumenta. Identificamos a necessidade de estender a aplicação do selo a outros produtos que vêm sendo bastante consumidos pela população, como o forno de micro-ondas", explica o chefe da divisão de eficiência energética do Procel, Emerson Salvador.
Ainda neste ano, fornos micro-ondas e ventiladores portáteis passarão a receber o selo. Para o ano que vem, estão previstos no programa ferros e chuveiros elétricos, este um dos grandes vilões das contas de luz.
Os produtos mais eficientes não recebem nenhum tipo de isenção fiscal.
"Produtos eficientes em termos de energia são mais valorizados hoje em dia. O consumidor sabe que existem eletrodomésticos que consomem menos e procura por eles nas lojas", afirma Salvador. Em 25 anos, o Procel evitou o consumo de 30 bilhões de quilowatts/hora, segundo ele.
Esse volume é suficiente para abastecer 20 milhões de casas durante um ano.
Estima-se que 40 milhões de eletrodomésticos e motores industriais em uso no país tenham o selo.
Aumentar o total de eletrodomésticos eficientes está em linha com as metas da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), que prepara a nova versão do Plano Nacional de Energia. O plano vai trazer o planejamento energético até 2035, ações de eficiência energética para que se poupe o máximo possível.
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
A meta é que essas ações possam gerar economia de até 13% do total produzido daqui a 24 anos. Se isso ocorrer, o país vai poupar um volume correspondente à geração de três usinas de Itaipu no período de um ano.
"As medidas que temos atualmente surtem efeito, mas sempre se pode fazer mais", diz o presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim.
Para ele, o Brasil já tem certa tradição em ações para o consumo eficiente de energia, mas o racionamento de dez anos atrás intensificou esse processo.
Tolmasquim lembra que a população passou a se preocupar em ter produtos mais eficientes e vem mantendo, desde então, uma nova cultura energética.
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