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Internacional
Sábado - 19 de Fevereiro de 2011 às 11:42

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O exército do Bahrein retirou neste sábado seus tanques da praça da Pérola, no centro de Manama, onde se concentram as manifestações antigoverno, uma das condições exigidas pela oposição para dar início ao diálogo político com o regime.

Os militares "ficarão fora de Manama e a polícia irá restaurar a ordem", indicou um oficial, que pediu o anonimato, enquanto uma fileira de veículos blindados do exército manobrava para deixar a praça.

O principal grupo xiita de oposição ao governo do Bahrein rejeitou neste sábado a oferta de diálogo nacional feita pelo rei Hamad Isa al-Khalifa para tentar conter os protestos populares contra as autoridades do país.

Altos membros do bloco xiita Wefaq afirmaram que o governo deve renunciar primeiro e que as tropas do Exército devem ser retiradas das ruas da capital, Manama.


Na sexta-feira, soldados abriram fogo contra milhares de manifestantes que desafiaram a proibição do governo e se aglomeraram na praça, ferindo ao menos 50 pessoas. De acordo com funcionários do hospital Salmaniya, vários dos pacientes atendidos apresentavam ferimentos de armas de fogo.

O incidente aconteceu um dia depois de a polícia ter retirado à força um acampamento de protesto na capital. Anteriormente, a rede de TV americana havia informado que ao menos quatro pessoas teriam morrido no centro de Manama quando manifestantes entraram em confronto com membros das forças de segurança. Com isso, o número de mortos subiria para ao menos oito.

Manifestantes descreveram as cenas no local como "caóticas", com nuvens de gás lacrimogêneo e balas vindo de várias direções, e pessoas feridas deitadas no chão sobre poças de sangue. Alguns disseram que os tiros partiram de helicópteros ou de franco-atiradores.

"As pessoas começaram a correr em todas as direções, enquanto balas voavam", disse Ali al Haji, 27, que estava presente no local. "Vi pessoas sendo atingidas nas pernas, peito, e um homem com a cabeça sangrando".

"Meus olhos foram atingidos por gás, havia tiros e muito pânico", descreveu Mohammed Abdullah, 37, que também fazia parte dos protestos.

"Nós achamos que foi o Exército", disse o parlamentar Sayed Hadi, do Wefaq, o principal partido xiita, que renunciou ao Parlamento ontem. Outro integrante do Wefaq, Jalal Firooz, disse que os manifestantes estavam nas ruas em protesto contra a morte de um deles nas ruas na quinta-feira, quando a polícia lançou gás lacrimogêneo.

Depois, os manifestantes rumaram para a praça Pérola, que estava tomada por tropas do Exército após a operação policial. Os soldados dispararam, segundo ele.
"Há muitas vítimas, algumas em estado crítico", acrescentou Firooz.

Mais tarde, soldados em tanques e veículos blindados tomaram controle da praça, a qual os manifestantes xiitas esperavam usar como uma base similar à praça Tahrir, no Cairo, que foi o epicentro dos protestos que derrubaram o ditador do Egito Hosni Mubarak em 11 de fevereiro.

A rede de TV libanesa Al Manar citou um médico do hospital Salmaniya, em Manama, dizendo que 25 feridos haviam dado entrada, dois deles com ferimentos graves. Testemunhas afirmaram que cerca de 20 carros da polícia foram para a praça, e que o tiroteio ainda estava acontecendo.

"Este é um protesto pacífico", disse o médico, Mahmoud Abbas, à rede Al Manar. "Como é possível que os manifestantes sejam confrontados com balas? O que ocorre é um desastre humanitário. Não podemos aceitar isso".

PROTESTOS

Os protestos no Bahrein são parte de uma onda de manifestações pró-democracia no mundo árabe e muçulmano, que já derrubou governantes na Tunísia e no Egito e se espalhou por países como Líbia, Argélia, Iêmen e Irã.

Desde sua independência da Grã-Bretanha, em 1971, o Bahrein tem registrado tensões entre a elite sunita e a maioria xiita, que se diz marginalizada e reprimida.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, telefonou ao rei Hamad para pedir comedimento.

O Bahrein é um importante aliado americano no Oriente Médio e abriga uma base da Quinta Frota Naval dos Estados Unidos.






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