Manaus tem surto de vírus semelhante ao da dengue
O mayaro, um vírus semelhante ao da dengue e ao do chikungunya, que provoca febre alta e dores fortes nas articulações, saiu do isolamento de áreas ribeirinhas amazônicas e já causou uma epidemia em Manaus.
E existe risco real de que ele se espalhe para o país e se adapte ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, já bem adaptado ao ambiente urbano.
Essas são as principais conclusões de uma pesquisa do infectologista Luiz Tadeu Moraes de Figueiredo, coordenador do Centro de Pesquisa em Virologia da USP de Ribeirão Preto, em parceria com o Instituto de Medicina Tropical do Amazonas.
O estudo deve ser publicado ainda neste ano, segundo o pesquisador, na "Vector Borne and Zoonotic Disease", uma das principais revistas sobre doenças transmitidas por vetores, da Universidade do Texas (EUA).
A pesquisa analisou 600 amostras de sangue de moradores de Manaus que estavam com febre alta. Em 33 casos, foi constatada a presença do vírus mayaro --o que caracteriza a epidemia, segundo Figueiredo.
Quatro pacientes tiveram hemorragia leve. "Isso nunca havia sido descrito até hoje no mayaro", disse.
SAINDO DA SELVA
No Brasil, circulam 210 tipos diferentes de arbovírus, que são aqueles transmitidos por mosquitos e outros artrópodes. O mayaro é o quarto em número de infectados, depois da dengue, da febre amarela e do oropouche (também na região amazônica), de acordo com o Instituto Evandro Chagas, do Pará.
Seu primeiro registro foi em 1955, numa epidemia no Pará. Até hoje, foram notificados mil casos, nunca antes em regiões metropolitanas.
Neste ano, o mayaro foi incluído pelo Ministério da Saúde na lista de doenças de notificação compulsória -aquelas que devem ser comunicadas obrigatoriamente diante de suspeitas.
Apesar de não haver registro de mortes por mayaro, os sintomas em alguns casos provocam mais sofrimentos do que no doente de dengue.
ALCANCE
O Ministério da Saúde disse que, por enquanto, os casos de mayaro continuam restritos à região amazônica e que não vê um risco de que ele se espalhe pelo país.
Segundo o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue, Giovaninni Coelho, a doença ainda é específica e não tem registro de mortes. Em São Paulo, o Instituto Adolfo Lutz não tem registros de mayaro, segundo a Secretaria de Estado da Saúde
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