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Internacional
Sábado - 19 de Fevereiro de 2011 às 07:30

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A notícia passou praticamente despercebida esta semana. Pudera! Os jornais tiveram de dedicar quase todo seu à rebelião no Egito, ao novo salário mínimo e à aposentadoria do Ronaldo.

Chamou-me a atenção, porém, uma discreta informação sobre a decisão do Ministério da Educação de recomendar, a partir deste ano, a todas as escolas do País, o fim da reprovação no início do Ensino Fundamental.

De acordo com o MEC, pesquisas indicam que o aluno reprovado dificilmente se recupera; por isso, a orientação de que não haja retenção nas três primeiras séries.

Essa medida vai de encontro ao discurso usado por Aloizio Mercadante na recente campanha para governador, quando insistiu na promessa de acabar com a Progressão Continuada em São Paulo.

Aqui vai um parêntese para evitar confusão: ir de encontro é chocar-se com algo, contrariar alguma coisa; quando uma parte está em concordância com outra, ela vai ao encontro.

Enxerto essa observação porque tenho ouvido até comentarista de televisão cometer esse engano - pode ser, então, que um dos meus sete ou oito leitores também caia nessa armadilha da nossa Língua e entenda mal minha já prolixa comunicabilidade.

Findo o "Momento Pasquale" desta crônica, vamos em frente.

O tema Progressão Continuada me sensibiliza porque acompanhei sua implantação em São Paulo, durante o Governo Erundina, então do PT, pelas mãos do seu secretário municipal de Educação, ninguém menos do que Paulo Freire.

Os argumentos para o fim da "repetição de ano", dados à época pelo reconhecido educador me convenceram de que essa é uma boa medida.

A maioria da boa gente do ramo pedagógico também pensa assim, tanto é que os governos de outros partidos que sucederam o PT encamparam a prática.

Surpreendeu-me, portanto, quando Mercadante passou a defender o fim desse programa, em sua recente campanha para o Palácio dos Bandeirantes, com um discurso que me soou oportunista.

Longe de mim duvidar da sinceridade desse histórico prócer do Partido dos Trabalhadores, mas me passou a impressão que batia nessa tecla apenas por motivos eleitoreiros.

Talvez seus marqueteiros achassem que esse discurso desse votos ao petista, o que se comprovou, nas urnas, um ledo engano.

Imagino que o atual ministro da presidente Dilma não vá se posicionar, agora, contra a recomendação do MEC, mesmo porque o tema já não lhe diz respeito; nem deve ser de seu interesse requentar a questão.

Na parte que me toca, considero importante revolver o assunto, ainda que mais não seja, em respeito à memória de Paulo Freire





Fonte: Terra

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