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Internacional
Sexta - 18 de Fevereiro de 2011 às 19:05

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Na tentativa de aproximar as posições que serão defendidas entre os países do chamado Bric (Brasil, Rússia, Índia, China e, agora África do Sul) na Cúpula do G20, os países emergentes reuniram-se na tarde desta sexta-feira, em Paris, onde acontece a primeira reunião ministerial do grupo neste ano. Os ministros da Economia e presidentes de bancos centrais dos 20 países mais ricos do mundo tentam alinhavar um acordo para a cúpula, que acontece em novembro em Cannes, na França, com a presença dos chefes de Estado e de governo. "Caminhamos juntos para uma posição comum, para discutir com os outros países", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na saída da reunião com os emergentes.

O encontro evidenciou que os países emergentes estão em vias opostas às das economias desenvolvidas nos principais pontos que serão discutidos neste sábado, na reunião dos ministros que participam do evento. Os emergentes estão lado a lado em questões como o apoio ao livre acúmulo de reservas e à liberdade de definições nacionais sobre o controle fluxo de capitais, ao contrário do defendem países como a França, a anfitriã do evento. A acumulação excessiva de reservas é vista como um fator de desequilíbrio da economia mundial, na opinião dos franceses, mas os emergentes defendem o direito de manter essa ferramenta como uma forma administração macroeconômica. O Brasil tem U$S 300 bilhões em reservas acumuladas.

"Nós discordamos de se estabelecer limites de acúmulo de reservas enquanto não houver um sistema financeiro mais seguro. Se houver uma crise, quem vai nos socorrer? São as nossas reservas", argumentou Mantega. Já o controle de fluxos de capitais é visto como uma medida protecionista, mas da qual o Bric não abre mão. Os dois pontos serão ser os principais focos de atrito entre os ricos e os emergentes, no que poderia ser a razão do bloqueio de um acordo. "Não somos favoráveis a medidas compulsórias de controle de fluxo de capitais, mas sim de recomendações que poderão ser feitas para os países que estiverem com superávit excessivo."

Em relação aos indicadores de desequilíbrio macroeconômicos, o ponto-chave desta reunião ministerial do G-20, o brasileiro disse que os emergentes estão de acordo quanto à necessidade de serem definidos parâmetros. O Brasil quer propor que a conta corrente não seja um deles, mas sim as contas de bens e serviços, para que as aplicações financeiras no exterior não sejam consideradas. A França, anfitriã do evento, quer convencer o G-20 a adotar cinco critérios: saldo de contas correntes, taxas de câmbio reais, reservas de câmbio, déficit e dívida pública e poupança privada.

Os países do Bric são unânimes em considerar, entretanto, que os indicadores não devem ser compulsórios: os países esperam que sejam feitas recomendações para que uma economia em desequilíbrio busque uma solução, e não que ela seja obrigada a realizar intervenções pré-determinadas. Na opinião de Mantega, prestar mais atenção aos indicadores do que nas políticas monetárias seria tratar mais das consequências do que das causas de uma economia deficiente.

"As políticas monetárias podem ser as causadoras do desequilíbrio. As mais expansivas têm causado, por exemplo, fluxos de capitais excessivos, que são um problema", disse. O ministro da Fazenda também reiterou a posição contrária do Brasil sobre a regulação dos preços das commodities, e considera que a melhor solução para o problema de preços de matérias-primas é o estímulo à produção. "Nós temos desequilíbrios porque os países ricos ainda não conseguiram se recupera da crise. Essa é a questão básica, e daí fica um querendo controlar o outro e diminuir as exportações do outro", avaliou.

Câmbio
Apesar de estarem em acordo sobre o fundamental das questões que serão discutidas entre os ministros ao longo deste sábado, outros pontos provocam divergências entre os emergentes, como a política monetária. O principal deles é em relação ao câmbio: o Brasil é contrário à subvalorização da moeda chinesa, o iuan, promovida propositalmente pelo governo chinês para aumentar a competitividade de sua economia.

Neste ponto, os brasileiros se aproximam da posição americana, de tentar barrar a prática a sobrevalorização de moedas como o dólar, o euro ou o real em relação à divisa chinesa. "Mas a política monetária de vários países tem responsabilidade nos desequilíbrios. Não é só um ou outro país asiático que está administrando o câmbio. O ideal seria que todos cessassem, inclusive os asiáticos", destacou o ministro, referindo-se à China.

África do Sul
Uma novidade é que agora os emergentes contam oficialmente com a presença da África do Sul, que já participa ao lado do Bric na reunião de amanhã. "Agora somos cinco. A África do Sul é a economia mais importante da África e portanto o grupo está sendo reforçado e terá mais representatividade", disse o ministro brasileiro. Mantega e o presidente do Banco Central, Alexandre Antonio Tombini, participam na noite de hoje de um jantar oferecido pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy.





Fonte: Reuters

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