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Internacional
Sexta - 18 de Fevereiro de 2011 às 09:30

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Milhares de pessoas que foram às ruas do Bahrein nesta sexta-feira para o funeral dos mortos durante uma operação de forças de segurança contra a praça que manifestantes pró-reformas estavam acampados pediram, pela primeira vez desde o início da onda de protestos no país, o fim da dinastia sunita que governa o país há mais de 40 anos.

Segundo o jornal britânico "Guardian", a reação contra o rei Hamad bin Issa al Khalifa e seu círculo mais próximo reflete a escalada nas reivindicações iniciais feitas pelos manifestantes, para que a monarquia sunita que comanda o país afrouxe o controle, incluindo não indicar mais pessoas para os cargos governamentais mais altos e abrir mais oportunidades para a população xiita, que é maioria no país e há muito reclama de ser excluída do processo de tomada de decisões.

"Nos limitávamos a pedir a demissão do premiê, mas agora pedimos o mesmo para a família real", afirmou ao jornal "El País" Ahmed Makki Abu Taki, cujo irmão Mahmud, 27, foi morto na operação de quinta-feira na praça Pérola, centro da capital bareinita, Manama.

Ao menos quatro pessoas morreram e 231 ficaram feridas quando forças de segurança --apoiadas por tanques e veículos blindados-- invadiram a praça, sem aviso prévio, e expulsaram os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Dezenas foram presos.

O mais importante clérigo xiita do país, xeque Issa Qassem, descreveu o ataque como um "massacre" e disse que o governo fechou as portas ao diálogo. Qassem discursou a milhares de pessoas reunidas para as orações de sexta-feira em uma mesquita numa vila xiita no noroeste da ilha.

A maioria dos manifestantes xiitas pretendiam transformar a praça Pérola em uma base semelhante à praça Tahrir, no Cairo, o epicentro da revolta popular que terminou com a renúncia do ditador Hosni Mubarak, que estava há 30 anos no poder.

Os xiitas foram 70% da população do Bahrein, mas o país é governado pela dinastia sunita Khalifa.

As pessoas que participaram de procissões no vilarejo de Sitra, sul de Manama, por três dos mortos, gritavam: "O povo quer a queda do regime".

A polícia manteve-se afastada, apesar de um helicóptero acompanhar a marcha. Na terça-feira, um manifestante foi morto em um outro funeral.

Dentro da mesquita, homens lavavam o corpo do estudante de 22 anos Mahmoud Abu Taki. "Ele me disse antes de ir lá [na praça Pérola]: "não se preocupe pai, eu quero liberdade"", disse seu pai, Mekki Abu Taki, 53. "Claro que os protestos vão continuar."

Em uma pequena demonstração pró-regime em Manama, dezenas de carros que levavam a bandeira vermelha e branca do Bahrein foram em carreata até a mesquita Fateh, a maior da capital.

Uma das bandeiras levava o nome do rei bareinita. Diversos carros da polícia estavam estacionados do lado de fora da mesquita.

CONTENÇÃO

Nesta quinta-feira, quarto dia de protestos que, no total, já deixaram ao menos seis mortos, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu que o governo do Bahrein não utilize a violência para conter as manifestações e reiterou que Washington se opõe à repressão violenta por parte das forças de segurança.

Obama "considera que devemos nos opor ao uso da violência pelo governo do Bahrein", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, e completou que o presidente americano rejeita qualquer tipo de repressão contra manifestações pacíficas na região.

Mais cedo a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, ligou para o ministro de Relações Exteriores do Bahrein para registrar a "profunda preocupação" com os últimos acontecimentos no país.

Segundo o Departamento de Estado americano, Hillary frisou ainda ao ministro bareinita Sheij Jaled bin Ahmad al Jalifa sobre a importância dos "esforços com vistas para reformas políticas e econômicas, para dar uma resposta aos cidadãos do país".

O Pentágono também fez um apelo por calma no país. "O Bahrein é um parceiro importante e o departamento está acompanhando de perto os acontecimentos", disse o porta-voz do Pentágono, Dave Lapan. "Pedimos que todas as partes tenham moderação e evitem a violência", acrescentou.

A quinta frota naval americana, que projeta o poderio militar dos EUA pelo Oriente Médio e Ásia central --incluindo Iraque e Afeganistão--, fica baseada pelo de Manama.






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