Protestos no Egito deixaram 365 mortos, diz Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde do Egito informou nesta quarta-feira que 365 pessoas foram mortas durante os 18 dias de protestos, iniciados em 25 de janeiro, que terminaram na última sexta-feira (11) com a renúncia do ditador do país, Hosni Mubarak, que estava há 30 anos no poder.
Trata-se da primeira estatística dada pelo governo sobre as revoltas populares, apesar de o ministro da Saúde, Ahmed Sameh Farid, afirmar que é apenas uma contagem preliminar sobre a morte de civis --não estão incluídos policiais ou prisioneiros.
A ONU (Organização das Nações Unidas) e a ONG Human Rights Watch afirmavam que ao menos 300 pessoas haviam morrido nos protestos --embora os números não tivesses sido consolidados. Os órgãos também relataram morte de jornalistas e diversos ataques à imprensa.
Nesta quarta-feira, os militares egípcios afirmaram que, após os 18 dias de protestos que resultaram na renúncia de Mubarak esperam que dezenas de milhares de pessoas abandonem as greves e protestos e acatem o apelo para voltar ao trabalho.
Diante das liberdades recém-adquiridas com a queda da ditadura, muitas categorias --de bancários a guias de turismo, passando por policiais e metalúrgicos-- decidiram levar reivindicações trabalhistas às ruas.
No entanto, os militares, que agora governam o país, temem que isso prejudique ainda mais a economia, praticamente paralisada durante os 18 dias de rebelião que levaram à renúncia de Mubarak.
"Mubarak foi embora, mas os problemas ainda são os mesmos, ou maiores", disse o economista John Sfakianakis, do Banque Saudi Fransi. "A esta altura, eu estaria mais otimista do que na semana passada, já que não há centenas de milhares nas ruas."
A rebelião no Egito --parcialmente inspirada numa revolta semelhante ocorrida semanas antes na Tunísia-- repercute em todo o Oriente Médio. Durante a madrugada desta quarta-feira, centenas de pessoas entraram em confronto com a polícia e com simpatizantes do governo na cidade líbia de Benghazi, durante um protesto contra a prisão de um ativista.
Enquanto o Egito discute as reformas democráticas a serem adotadas nos próximos meses, surgiram rumores sobre o estado de saúde de Mubarak, 82, que está refugiado na sua residência de veraneio, no balneário de Sharm el Sheikh, depois de fugir do palácio presidencial do Cairo. No seu último pronunciamento, Mubarak disse que desejava morrer no Egito.
A Arábia Saudita se ofereceu para recebê-lo, mas uma fonte do governo local disse que Mubarak recusou. "Ele não está morto, mas não está nada bem, e se recusa a partir. Basicamente, ele desistiu e quer morrer em Sharm", disse a fonte.
Na sexta-feira, os líderes do movimento pró-democracia pretendem realizar uma "Marcha da Vitória", para celebrar a queda de Mubarak e mostrar aos militares que continuam mobilizados.
REFORMAS
Nesta terça-feira, o Conselho Militar nomeou uma Comissão Constitucional que inclui um representante da Irmandade Muçulmana, principal grupo de oposição do país, que tem oito membros.
A comissão recebeu o prazo de dez dias para elaborar propostas que, em um segundo momento, serão submetidas a um referendo popular.
A Comissão Constitucional é liderada pelo juiz aposentado Tariq El Bishri, e entre os seus outros sete participantes há três especialistas constitucionais e um membro de alto escalão da Irmandade Muçulmana, que era banida durante o governo de Mubarak.
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