GO: PF prende 19 PMs e procura pontos de desova de vítimas
A Polícia Federal (PF) em Goiás prendeu nesta terça-feira 19 pessoas, sendo 13 policiais militares da capital e seis do interior, na Operação Sexto Mandamento. Eles são acusados de integrar um grupo de extermínio no Estado. Os agentes investigam agora a localização de pontos de desova de vítimas dos suspeitos. Nas buscas, a PF utiliza um helicóptero do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.
Segundo a Polícia Federal a organização tinha como principal atividade a prática habitual de homicídios com a simulação de que os crimes foram praticados em confrontos com as vítimas. Calcula-se que o grupo matou entre 40 a 50 pessoas no Estado. "Há nos autos do inquérito, que corre sobre segredo de Justiça, crimes de 1996, mas a maioria é de oito anos para cá", afirmou o Superintendente Regional da PF, Carlos Antônio da Silva. Segundo a PF, alguns homicídios ocorriam durante o horário de serviço e com o uso clandestino de viaturas da PM. O grupo teria se especializado ainda na ocultação de cadáveres.
Entre os detidos está o sub-comandante Geral da Polícia Militar, coronel Carlos Cézar Macário, que foi exonerado do cargo por determinação do governador de Goiás, Marconi Perillo. As patentes dos envolvidos são as mais variadas, de coronel, tenente-coronel a cabos.
As investigações começaram quando o Ministério Público do Estado de Goiás pediu a entrada da PF em casos de desaparecimento de pessoas abordadas pela PM goiana. "Fizemos a solicitação no fim de dezembro de 2009, com base na lei 10.446/2002, que permite que investigação da PF quando se trata em crimes contra os direitos humanos", disse o procurador-geral de Justiça de Goiás, Eduardo Abdon Moura.
O caso mais recente foi o desaparecimento do motoboy, Adriano Souza Matos, 22 anos, em novembro do ano passado, e do amigo e vizinho dele, o estudante Bruno Elvis Lopes, 16 anos, no Setor Nova Vila, depois de uma a abordagem de uma viatura do Batalhão de Choque. Para Eduardo Abdon, é uma falácia dizer que os grupos de extermínio só mataram bandidos. "As pessoas que foram mortas estavam em lugar errado e na hora errada", afirmou.
Todos os presos são suspeitos de assassinato, ocultação de cadáveres e ameaças. O grupo atuava na capital de Goiás e em mais quatro municípios do Estado. De acordo com a PF, dependendo do término das oitivas, 17 detidos irão para o presídio federal de Catanduva (SP) e os outros dois, permaneceram na sede da Polícia Federal, em Goiânia (GO).
Foram expedidos pela Justiça 19 mandados de prisão preventiva e oito mandados de prisão temporária. Todos foram cumpridos. O procurador Eduardo Abdon disse que alguns detidos possuem mais de um mandado de prisão. A PF também ouviu pela manhã o ex-secretário de Segurança Pública e atual procurador-geral do município de Goiânia, Erneste Roller e o ex-Secretário da Fazenda de Goiás, Jorcelino Braga. Os dois ex-secretários não serão indiciados.
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