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Polícia Brasil
Terça - 15 de Fevereiro de 2011 às 17:07

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A volta de Silvio Berlusconi ao cenário judicial por prostituição de menor representa um duro golpe para o chefe de governo que pode, no entanto, resistir devido à falta de uma figura alternativa na oposição e ao apoio da aliada, a Liga do Norte, consideraram nesta terça-feira especialistas.

"É um chefe de governo reduzido, uma presidência de governo fraca e a única coisa que o salva é a falta de concorrência. Não há alternativa política com credibilidade nem liderança capaz de reunir a oposição", disse à AFP Giacomo Marramao, professor de filosofia política da Universidade de Roma III.

A juíza de Milão, Cristina Di Censo, decidiu nesta terça-feira levar o Cavaliere a "julgamento imediato", um processo acelerado pelo Código Penal italiano que se baseia na "evidência da prova". O processo, no qual Silvio Berlusconi é acusado de ter contratado uma prostituta menor, Ruby, e de ter abusado de sua função de chefe de Estado em favor dela, deve começar no dia 6 de abril.

"É um acontecimento importante que não afeta apenas Berlusconi, mas, sobretudo, a vontade de seus aliados de segui-lo", opinou Franco Pavoncello, professor de ciências políticas da Universidade americana de Roma, John Cabot.

"A política italiana é muito simples: tudo fica no lugar enquanto a Liga Norte tiver à sua frente a cenoura do federalismo", disse Pavoncello, referindo-se ao fato de que a aliada, de quem o governo depende para sobreviver, não abandonará o Cavaliere enquanto ele puder obter a reforma de federalismo fiscal desejada.

"Se houver juízes que pensam em enfraquecer o governo com sua ira contra Berlusconi, bom, estão redondamente enganados", lançou o líder dos senadores da Liga, Federico Bricolo.

"É uma situação muito constrangedora no plano internacional. Não havia realmente necessidade, ele está em graves apuros", explicou Pavoncello, considerando ainda que "se este não é o ato final do governo, é o penúltimo".

Segundo uma pesquisa do instituto Demos publicada na última segunda-feira, a taxa de popularidade de Silvio Berlusconi despencou em fevereiro para 30,4%, o nível mais baixo desde 2005, e ele caiu para a última posição no ranking das dez personalidades políticas italianas.

O pivô do escândalo, a jovem marroquina Ruby, cujo nome verdadeiro é Karima El Mahroug, não quis declarar nada nesta terça-feira em relação à decisão da Justiça, pedindo apenas que a deixassem em paz.

Após o anúncio do julgamento, a oposição se ergueu para pedir a demissão do Cavaliere e eleições legislativas antecipadas.

Berlusconi, que não reagiu à notícia imediatamente, denuncia com frequência "um complô" de magistrados "politizados", querendo cassá-lo do cargo, e exclui a possibilidade de renúncia.

Para o professor de ciências políticas Marcho Tarchi, da Universidade de Florença, "o pedido de julgamento imediato não era necessariamente do interesse da acusação".

"Silvio Berlusconi tem agora mais possibilidades de se apresentar como uma vítima de perseguições judiciais", disse o especialista à AFP.





Fonte: AFP

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