México cancela ano do país na França por apoio à condenada
"Após as declarações do presidente Nicolas Sarkozy, o governo do México considera que não existem as condições para que o Ano do México na França aconteça de maneira apropriada", afirma um comunicado do Ministério das Relações Exteriores.
A vice-chanceler Lourdes Aranda afirmou que houve uma mudança de regras unilateral por parte do governo francês. "Fomos convidados para um evento cultural que mudou para uma homenagem a uma sequestradora", alfinetou.
Cassez foi presa no México em dezembro de 2005 e acusada de sequestro, crime organizado e posse ilegal de armas. Ela vivia em um rancho próximo da Cidade do México no qual três pessoas, incluindo uma menina de 8 anos, foram mantidas reféns. Cassez alega que apenas namorava um dos mexicanos presos por envolvimento no sequestro, mas que não sabia que as pessoas estavam sequestradas.
Condenada em primeira instância a 96 anos de prisão, sua pena foi reduzida para 60 em março de 2010. A defesa denunciou erros de procedimento no caso, e criticou o fato de sua prisão ter sido repetida um dia depois para ser filmada e transmitida na televisão.
Na última quarta-feira (9), os advogados de Cassez esgotaram o último apelo previsto pela lei mexicana quando o juiz negou uma liminar para assegurar a sua libertação. A medida provocou uma troca de convocações diplomáticas entre os Ministérios de Relações Exteriores do México e da França.
Florence e seus advogados esperavam aproveitar o evento na França para aumentar a visibilidade do caso. "Eu gostaria que o ano do México na França fosse usado para falar do meu caso, que divulguem minhas fotografias e levantem discussões sobre o meu caso em todos os eventos", disse a condenada, em entrevista à agência France Presse.
Nesta segunda-feira, Sarkozy se reuniu com os pais de Cassez e dedicou o evento à Florence. "Decidimos manter o Ano do México na França (...) Anulá-lo seria ir contra o povo mexicano e contra os interesses de Florence", afirmou Sarkozy, após encontro de uma hora com Charlotte e Bernard Cassez.
ESCALADA
Em 2005, quando Cassez foi presa, a imprensa mexicana a rotulou de "francesa diabólica". Mas, em cinco anos, a insistência dos advogados e as investigações aprofundadas da imprensa sobre um dossiê de mais de 10 mil páginas semearam dúvidas sobre seu envolvimento nos sequestros.
Em novembro de 2010, a francesa recebeu dois apoios notáveis: o da Igreja Católica do México e o de um ex-procurador-geral federal, cargo equivalente a Ministro da Justiça, que afirmaram crer em sua inocência.
O caso Cassez tornou-se igualmente pomo de discórdia diplomática entre a França e o México, em particular depois da visita de Sarkozy ao país, em março de 2009.
Nesta terça-feira, o ministro do Interior da França, Brice Hortefeux, advertiu que o país não renunciará à ajuda a Florence Cassez. "Vamos seguir com a ação para ajudar Florence Cassez com todos os meios jurídicos de que dispomos", declarou.
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