Exército reduz toque de recolher no Egito
O Exército do Egito decidiu reduzir em quatro horas o toque de recolher imposto no país, concessão feita um dia após a queda do ditador Hosni Mubarak, que sucumbiu a 18 dias de intensos protestos que violaram diariamente a proibição de ir às ruas.
O toque de recolher começa a partir deste sábado às 0h e vai até às 6h do dia seguinte. Antes, a medida era válida das 20h às 6h.
O alívio da medida é mais um sinal da vida no Egito retornando à normalidade, após uma revolta popular sem precedentes.
Nesta sexta-feira, o Conselho Superior das Forças Armadas, que assumiu o poder após a saída de Mubarak, prometeu revogar o estado de emergência imposto desde 1981, quando o presidente Anwar Sadat foi assassinado e o então vice-presidente Hosni Mubarak assumiu o cargo. A revogação, contudo, ocorrerá apenas quando a situação se normalizar, afirmou o conselho, sem dar mais detalhes.
Neste sábado, o Exército egípcio iniciou a retirada das barricadas da praça Tahrir, no centro do Cairo, epicentro da revolta que provocou a queda de Mubarak.
Os militares retiraram as barricadas ao lado do Museu Nacional egípcio, na entrada norte da praça. Também retirava das ruas os carros queimados nos confrontos entre as forças de segurança e os manifestantes pró e contrários a Mubarak.
Alguns civis colaboravam na limpeza da praça, que abrigou centenas de manifestantes nestes 18 dias de revolta contra o regime autoritário de Mubarak e também contra o desemprego e a pobreza.
Os tanques do Exército posicionados nas ruas e avenidas que levam à praça Tahrir, instaurados para tentar conter os confrontos entre os manifestantes pró e anti-Mubarak, foram deslocados para liberar a passagem.
Com o caminho livre, muitos egípcios foram neste sábado pela primeira vez à praça Tahrir para ver o clima no local sem temer a violência vista em alguns dos dias de protestos.
Fora de Tahrir, as ruas do Cairo continuavam lotadas de manifestantes, em sua maioria os jovens que iniciaram a revolta popular com o uso da internet e conseguiram propagar as manifestações ao restante da sociedade egípcia.
"É uma festa! Renascemos", afirmou Osama Tufic Sadallah, um engenheiro agrícola de 40 anos. "Estávamos atrás dos outros países, mas agora temos valor aos olhos dos demais, do mundo árabe", completou.
Com 80 milhões de habitantes, o Egito é o maior país do mundo árabe e uma potência regional. Mas 20% de sua população vive abaixo da linha da pobreza, ao mesmo tempo que as liberdades política e religiosas foram reduzidas durante décadas de regime autocrático.
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