Na onda de calor, restaurante chique ainda proíbe bermuda
Mesmo com as madrugadas batendo recordes de calor neste verão, restaurantes chiques de São Paulo continuam inflexíveis: clientes de bermuda não entram.
Na lista da intransigência com a pouca roupa, restaurantes de estilos tão diversificados como Charlô, Jun Sakamoto, La Vecchia Cucina, Antiquarius, La Tambouille, Parigi e A Bela Sintra.
A justificativa para a proibição, dizem os chefes de salão, é convencionar o mínimo para não criar desconforto com os demais clientes e evitar excessos.
"Temos um código de vestimenta, o "dress code", que é mais direcionado aos homens. Não permitimos bermuda, boné nem chinelo", afirma Simone Nada, gerente do Jun Sakamoto.
"Agora, mulher de minissaia e sandália pode. Não é machismo, é "dress code". Homem de bermuda não pode mesmo", explica ela.
"A mulher pode entrar até de biquíni, se quiser", diz o chef Erick Jacquin, dono da "brasserie" que leva o seu nome, em Higienópolis.
Numa evidência da subjetividade desse "código", outros restaurantes chiques de São Paulo, como o D.O.M. e o Arturito, permitem clientes trajando bermuda.
"CAFONA"
Barrado no Charlô porque estava de sandálias de couro, o advogado César Mattos só conseguiu entrar depois de justificar que não havia sido avisado da restrição na hora de fazer a reserva.
"A exceção tem sempre de ser avisada. Eu não estava de chinelos, era uma sandália de couro com calça de alfaiataria. Pode-se estar mal vestido e cafona de sapato", diz.
"Perna cabeluda é mais anti-higiênica do que perna de mulher, tem uma razoável coerência. O ideal, para evitar desgastes, é se informar antes de ir", afirma o consultor de etiqueta Fábio Arruda. "As pessoas precisam se domesticar. Não é porque está calor que todo mundo pode sair de maiô na rua", diz.
O rigor, dizem os " restaurateurs", foi inspirado em casas como a do chef francês Alain Ducasse, que exigem paletó e gravata para comer.
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