ANTT prevê ao menos três consórcios disputando trem-bala
O leilão de concessão do primeiro trem-bala do Brasil, um projeto estimado em R$ 33 bilhões, terá pelo menos três concorrentes, segundo expectativa da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).
Em entrevista nesta sexta-feira, o diretor-geral da agência, Bernardo Figueiredo, descartou qualquer possibilidade de a licitação ser adiada novamente, pelo menos no que depender da autarquia.
"Na minha perspectiva está descartado completamente. A ANTT não tem nenhuma razão para propor um adiamento", disse Figueiredo, ressaltando, porém, que a decisão final cabe ao governo.
A presidente Dilma Rousseff é entusiasta do projeto, que é prioridade dentro do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
O leilão do trem-bala Campinas-São Paulo-Rio de Janeiro, com extensão de mais de 500 quilômetros, estava marcado para 16 de dezembro e foi adiado para 29 de abril, após empresas interessadas pedirem mais tempo para conclusão de estudos sobre a viabilidade econômico-financeira do empreendimento.
Apenas os sul-coreanos --liderados pela Hyundai Heavy Industries-- disseram na ocasião que estavam em condições de entrar na disputa em dezembro.
Figueiredo espera que, além dos coreanos, o leilão do trem-bala tenha pelo menos outros dois consórcios interessados, ambos liderados por construtoras brasileiras.
Nesses consórcios poderiam entrar empresas estrangeiras como a francesa Alstom, a canadense Bombardier (que entraria associada a investidores espanhóis), a japonesa Mitsui e a alemã Siemens.
Sobre o prazo de conclusão da obra, Figueiredo disse que o trem-bala foi lançado pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes que se soubesse que o país sediaria a Copa do Mundo em 2014 e dois anos depois as Olimpíadas.
Mas, considerando a visibilidade dos Jogos de 2016, ele avalia que o futuro empreendedor fará "todo o esforço" para que o trem-bala fique pronto antes das Olimpíadas.
CONSTRUTORAS E CORREIOS
O diretor-geral da ANTT disse que inicialmente se imaginou que seriam as fornecedoras de tecnologia que liderariam os consórcios no leilão, mas a lógica mudou, exceto para os coreanos.
"Os detentores de tecnologia lá fora não se propõem a ser o carro-chefe do investimento. A não ser os coreanos. A realidade é que o projeto é 70% construção civil e 30% tecnologia."
Segundo ele, entre as construtoras nacionais interessadas estão Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão e um grupo reunido na Apeop (Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas).
A ANTT confirmou que os Correios estudam buscar participação no projeto. O diretor da ANTT disse que já foi procurado também pelo Citibank, que teria demonstrado interesse em participar como assessor ou estruturador financeiro.
FERROVIAS E ESTRADAS
Figueiredo disse também que a ANTT vai abrir investigação sobre supostos reajustes de 20% a 30% no frete do transporte ferroviário de cargas que estariam sendo cobrados por concessionárias.
"A gente teve algumas informações de que estaria havendo um aumento exagerado no frete das ferrovias. Estamos investigando isso", disse. Segundo ele, as concessionárias de ferrovias têm, por contrato, um teto até o qual podem elevar as tarifas, mas é preciso averiguar se o aumento é justificável.
Sobre rodovias, a ANTT quer retomar ainda em 2011 a concessão à iniciativa privada de trechos de vias federais.
A agência reguladora quer oferecer um trecho de cerca de 500 quilômetros da BR-101 que corta o Espírito Santo, além de outros dois trechos: a BR-040 de Brasília a Juiz de Fora (MG) e a BR-116, da divisa de Minas Gerais com o Rio até a divisa de Minas com a Bahia.
O último leilão de rodovias federais ocorreu em janeiro de 2009 e envolveu 680 quilômetros de estradas na Bahia.
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