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Mubarak escutou a voz do povo do Egito, diz chanceler da UE
A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, afirmou que o ditador do Egito, Hosni Mubarak, escutou "a voz" dos egípcios ao decidir, nesta sexta-feira, abandonar o poder, uma decisão que, segundo ela, abre o caminho a "reformas mais rápidas e profundas" no país árabe.
Em um comunicado, Ashton disse que a UE compartilha do mesmo objetivo que a população egípcia por uma ordenada transição à democracia e eleições livres e justas.
O anúncio da renúncia de Mubarak foi feito pelo vice-presidente do país, Omar Suleiman, em pronunciamento à emissora de TV estatal, já na noite desta sexta-feira.
Segundo Suleiman, a decisão foi adotada "pelas difíceis circunstâncias que o país atravessa".
"O presidente Hosni Mubarak decidiu renunciar como presidente do Egito", disse Suleiman, em um breve anúncio, acrescentando que o poder foi entregue às Forças Armadas.
O anúncio foi recebido com gritos de comemoração, cantos e bandeiras sendo agitadas na praça Tahrir, centro do Cairo, que foi o epicentro dos protestos públicos contra o regime de Mubarak, que estava no poder desde 1981.
O anúncio foi feito no 18º dia seguido de intensos e violentos protestos que tomaram diversas cidades do Egito.
A renúncia ocorre menos de 24 horas depois de fortes rumores de sua saída imediata do poder. Na noite de quinta-feira, Mubarak discursou à nação e disse que passava parte de seu poder a Suleiman, mas permaneceria até setembro --quando estão previstas eleições presidenciais. O discurso de "fico" causou fúria nos manifestantes que marcharam em direção ao Palácio Presidencial aos gritos para que deixasse o poder.
Mais cedo, o porta-voz do partido de Mubarak havia confirmado que o mandatário e sua família viajaram para o balneário de Sharm el-Sheikh, no mar Vermelho.
"Ele está em Sharm el-Sheikh", afirmou Mohammed Abdellah, do Partido Nacional Democrático.
Pouco antes, fontes ligadas ao governo informaram que Mubarak e a família haviam deixado o Cairo nesta sexta-feira, mas sem deixar claro qual era o destino.
A TV estatal egípcia informou também que uma importante declaração de Mubarak será transmitida em breve, mas não deu mais detalhes.
A edição digital do jornal pró-governo "Al Ahram" afirma, citando fontes próximas às Forças Armadas, que Mubarak esteve em uma base militar durante as últimas 48 horas para garantir sua segurança.
O jornal diz ainda que, "devido à situação na capital, foi impossível para o presidente mover-se com segurança com sua comitiva habitual".
A informação sobre a viagem de Mubarak também foi divulgada pelas redes de TV árabes Al Arabiya e Al Jazeera. Sharm el-Sheikh, localizado no extremo sul da península do Sinai, é o local em que Mubarak costuma receber personalidades estrangeiras e realizar conferências internacionais.
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