Paquistão diz que diplomata dos EUA matou dois a sangue frio
A polícia paquistanesa negou nesta sexta-feira que o diplomata americano Raymond Davis, acusado de matar duas pessoas, atuasse em defesa própria, como alega, e assegurou que a investigação indica um assassinato "a sangue frio".
Davis é acusado de ter matado a tiros dois jovens motociclistas no último dia 27. Ele alega legítima defesa e diz que as vítimas o seguiam e pretendiam roubá-lo em Lahore. Os EUA pedem imunidade diplomática para Raymond Davis, descrito como "funcionário técnico e administrativo" do Consulado Americano em Lahore, leste do Paquistão.
O chefe da polícia de Lahore, Naslam Tarín, explicou que a investigação ainda está aberta, mas insistiu que os testemunhos e as provas recolhidas levam a crer que o caso se trate de assassinato.
Entre as evidências, Tarín citou a análise das armas dos supostos assaltantes, que deixou claro que nenhum deles estava prestes a atirar em Davis.
O Tribunal Superior de Lahore ordenou nesta sexta-feira que Davis permaneça sob custódia paquistanesa por mais 14 dias. Washington alega que ele não pode ser julgado no Paquistão e pede sua extradição aos EUA.
A imprensa paquistanesa especula se Davis não é membro de uma empresa americana de segurança privada, pela precisão com que matou os dois jovens e pela descrição genérica de seu cargo no consulado americano. Os EUA estariam assim tentando abafar o crime para evitar crises como a dos agentes da Blackwater, condenados por matar civis no Iraque.
A polícia afirma que Davis não tinha licença para porte de armas.
O presidente paquistanês, Asif Alí Zardari, chegou a se reunir com uma delegação do Congresso americano que exigia a entrega de Davis. Ele deixou, contudo, a decisão a cargo da Justiça paquistanesa.
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