Oposição pede convocação de Serra para explicar mínimo de R$ 600
Na tentativa de conseguir negociar um aumento maior do reajuste do salário mínimo e promover a discussão sobre o assunto, a oposição tenta driblar os efeitos da ampla maioria de senadores da base governista na Casa. Para o senador Itamar Franco (PPS-MG), antes de votar o valor pretendido pelo governo, que é de R$ 545, é preciso dar espaço para os argumentos das centrais sindicais, que defendem um mínimo de R$ 580, e da oposição, que quer R$ 600. Por isso, Itamar Franco pediu, nesta terça-feira, a convocação, durante uma reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do ex-governador de São Paulo José Serra, que, durante a campanha presidencial, prometeu um mínimo de R$ 600 já em 2011, e de um representante das centrais sindicais.
"Ambas as propostas parecem conter embasamento econômico e financeiro que entendo ser fundamental conhecê-los melhor e mais detalhadamente. Por isso, o PPS gostaria de sugerir a esta Casa que ouvíssemos o governador (José) Serra e que ouvíssemos também um representante das centrais sindicais. Vamos conhecer melhor seus argumentos, os números que os embasam. Façamos assim e poderemos decidir melhor", disse.
Votação do mínimo A votação do salário mínimo pode seguir um rito diferente do usual no Congresso Nacional. O projeto chega ao Parlamento por meio de medida provisória, e devem ser votadas na ordem que chegam à Casa. O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR), sinalizou que caso haja um aumento da proposta de reajuste do governo para o mínimo, a oposição pode ajudar a acelerar o processo de aprovação da matéria.
Dias, no entanto, destaca que a oposição não aceitará nenhuma medida "imposta" pelo governo e defende o debate em torno do valor do mínimo. "A medida provisória do mínimo pode, sim, passar na frente das demais. Quando o projeto beneficia o trabalhador, a oposição não colocará nenhum obstáculo. Mas o mínimo pretendido pelo governo não beneficia o trabalhador, é insuficiente. De modo que defendemos que haja um amplo debate", afirmou.
Dias admite que haverá dificuldade em aprovar um mínimo maior que o pretendido pelo governo. "Não fazemos falsa promessa sobre isso", disse. "Temos que reconhecer que o governo tem maioria e impõe sua vontade. Mas nós, como oposição, temos que propor. Temos argumentos, o governo subestimou a receita para o ano, há espaço para um mínimo maior", completou.
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