Sobrevivente da ditadura argentina testemunha em Paris
PARIS, 8 Fev 2011 (AFP) -A argentina Elena Alfaro, sobrevivente de "El Vesubio", um dos centros clandestinos de detenção mais cruéis da ditadura argentina (1976-1983), testemunhou nesta terça-feira por videoconferência na sede de uma ONG parisiense.
Elena Isabel Alfaro, 58 anos, compareceu diante do Tribunal Oral Federal número 4, na cidade de Buenos Aires, por videoconferência, a partir da capital francesa, em meio ao julgamento aberto em fevereiro de 2010 de oito ex-militares argentinos por violações aos direitos humanos.
"Sim, juro que direi a verdade", afirmou Elena Alfaro sentada em frente a um computador conectado à Internet com a sala de audiências portenha, interrogada pelo presidente do tribunal argentino às 12h00 locais na França (8h00 locais na Argentina).
Dois representantes do Ministério da Justiça argentino e o cônsul da Argentina na França, Miguel Angel Hildmann, participaram da audiência parisiense realizada na sede da ONG CCFD-Terre Solidaire.
Refugiada desde 1982 na França, onde em 2006 recebeu a Legião de Honra, a mais alta distinção francesa, Elena Alfaro, começou seu relato com o momento em que foi sequestrada, à meia-noite de 19 de abril de 1977.
"Estava de repouso por problemas de gravidez (...). Entraram violentamente e me tiraram de camisola mesmo, me colocaram em um carro e colaram fita adesiva em meus olhos", disse Alfato, que na época tinha 25 anos e era militante de esquerda.
As condições de prisão, as torturas e humilhações e a chegada e saída incessante de prisioneiros no "El Vesubio", um dos 600 centros de extermínio da ditadura argentina, centraram o relato de Alfaro, que apontou como responsável por esse centro clandestino o coronel Pedro Alberto Durán Sáenz, um dos principais acusados neste julgamento.
Os outros sete repressores que atuaram no "El Vesubio" julgados por mais de 150 sequestros e turturas, além de 17 fuzilamentos, são os coronéis (retirados) Humberto Gamen e Hugo Ildebrando Pascarelli.
Também são acusados os ex-agentes penitenciários Diego Salvador Chemes, Roberto Carlos Zeolita, José Néstor Maidana, Ricardo Néstor Martínez e Ramón Antonio Erlán
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