Nem a cidade, nem os moradores e muito menos as empresas conseguiram se recuperar da tragédia
Marcelândia tem problemas na economia seis meses depois do incêndio
Assista ao VídeoUma cidade ainda em reconstrução, muitos problemas e desafios. É assim que está Marcelândia (712 quilômetros de Cuiabá), onde em agosto do ano passado mais de 100 casas foram destruídas por um incêndio que começou em uma das madeireiras e se espalhou pela cidade. Por conta disso, muitas pessoas decidiram ir embora da cidade que também passa por problemas financeiros.
Pouca coisa mudou nesses seis meses após o incêndio. Nem a cidade, nem os moradores e muito menos as empresas conseguiram se recuperar da tragédia. As casas prometidas em caráter de urgência ainda não saíram do papel. Segundo a prefeitura do município, a liberação para a construção das casas está no Ministério da Integração, aguardando a assinatura do ministro para que a portaria seja publicada e a licitação feita.
O prefeito Adalberto Diamante afirmou ao site da TVCA que isso é necessário porque é um recurso emergencial. "Temos toda a documentação, tivemos muita burocracia e agora só depende da assinatura, o que deve acontecer nos próximos dias", diz Adalberto. Ele contou ainda que depois que a autorização da construção for publicada e a licitação feita, as casas serão construídas em um prazo de 180 dias.
O local onde serão construídas as casas já foi escolhido. O terreno fica atrás de uma escola e também fica perto de onde começou o incêndio que devastou o município. Enquanto as casas não são entregues, os moradores atingidos continuam todos abrigados nas casas de parentes, em locais alugados pela prefeitura ou cedidos por quem tinha mais de um imóvel. Mesmo assim, muita gente decidiu ir embora da cidade.
O presidente da Câmara dos Vereadores de Marcelândia, Edivan Vieira de Lima, disse que o município ainda sofre com a queda na economia. "Tanto no comércio como entre as madeireiras atingidas, poucas estão trabalhando novamente, o que gerou desemprego e isso refletiu economicamente", conta o vereador.
Ele ainda completou dizendo que o município ficou sem sustentabilidade e sem opção de emprego. "Lógico que temos pessoas empregadas e dentro disso as pessoas que ficaram estão tentando reconstruir suas vidas. Mas, o maior impacto do incêndio foi na situação econômica da cidade. Com a perda dos habitantes temos dificuldade no comércio", afirma.
Os comerciantes confirmam a dificuldade financeira que o município está passando. Odair Lino Moreira, que tem uma farmácia na cidade, revelou que o maior problema é a inadimplência. "A gente tá com medo de ficar devendo mesmo trabalhando, porque as pessoas estão inadimplentes e eu como comerciante de cidade pequena não posso me negar a vender um medicamento", conta o comerciante.
Com moradores deixando a cidade, também houve diminuição do número de alunos matriculados nas escolas. Reflexo das famílias que foram embora. "Ainda não sabemos um número exato de transferências porque as matrículas ainda estão acontecendo", revela o prefeito.
Para que a situação econômica mude e a cidade volte a crescer, políticos e empresas estão tentando buscar alternativas. Uma delas é trazer indústrias que queiram se instalar no município. A agricultura familiar também é uma opção. "Estamos apostando todas as cartas na agricultura familiar como meio de subsistência, para que o cidadão possa ter renda e consumir no comércio", conta o vereador. Ele afirma ainda que no caso de empresas irem para a cidade, lá existe a extração da madeira, ambientalmente legalizada. "A dificuldade é a logística por conta das estradas que não comportam, além de ficar distante da capital", conta.
O prefeito conta que a situação só não ficou pior porque os moradores receberam muitas doações “Não posso deixar de agradecer até hoje. As pessoas só estão conseguindo se reerguer por conta das doações que receberam”, afirma.
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