Jogador que estava emprestado ao América-MG foi assassinado ao sair de uma festa
Corpo de jogador do Corinthians morto em BH será enterrado em Osasco

Será enterrado na segunda-feira (7), em Osasco (São Paulo), o corpo do meia atacante do América e ex-Corinthians, William Morais, 19 anos. Ele foi assassinado na madrugada deste domingo (6) em Belo Horizonte, durante uma tentativa de assalto.

De acordo com a nota oficial, o América-MG decretou luto por três dias pelo falecimento do atleta. Além disso, o clube confirmou que se mobilizará para ajudar a família de William. "Os detalhes do sepultamento só serão confirmados amanhã, após a entrada da certidão de óbito no cemitério Santo Antônio. Mas a intenção dos familiares é de realizar a cerimônia fúnebre no final da tarde de segunda-feira", diz o texto.

O corpo deve chegar à 0h desta segunda-feira (7) na funerária municipal de Osasco. Segundo a funerária, caso haja necessidade de mais espaço o corpo do jogador pode ser levado para o cemitério da Bela Vista, na rua Diogo Benite com a Rua Dom Pedro I,  também em Osasco.

De acordo com testemunhas, o jogador foi abordado por três homens após sair de uma festa de aniversário em um sítio no bairro Santa Terezinha, região da Pampulha, e teria reagido quando eles tentaram roubar a corrente de prata que estava em seu pescoço. Um deles deu um tiro nas costas de William.

Pouco depois, com a ajuda de testemunhas, os suspeitos foram localizados e presos pela Polícia Militar. Levados para a Seccional Noroeste, eles prestaram depoimento e um deles teria confessado que atirou no jogador quando ele tentou fugir. De acordo com a PM, os três suspeitos não sabiam que William era jogador de futebol. Após prestarem depoimento, os três detidos foram levados para o Ceresp (Centro de Remanejamento de Presos) São Cristóvão.

O crime

Por volta de 1h, William saiu do sítio, onde participava de uma comemoração, para conversar com uma das convidadas da festa. Em depoimento prestado na delegacia, a mulher contou que foi buscar uma bolsa no carro junto com uma amiga quando o jogador chegou. Ela conversou com a vítima durante alguns minutos.

Os dois ficaram escorados do lado de fora do veículo, que estava estacionado em uma esquina a cerca de 30 metros da entrada do sítio. Três homens se aproximaram e anunciaram o assalto. Um dos ladrões tentou arrancar uma corrente de prata que estava no pescoço de William. Segundo as duas mulheres que presenciaram o crime, o jogador se assustou e correu em direção ao local onde acontecia a festa.

Nesse momento, Darisson Carlos Ferraz da Silva, 18 anos, teria sacado uma arma e disparou contra William. A bala atingiu as costas do jogador, na altura do tórax, e a vítima caiu na porta do sítio. Os três ladrões fugiram sem levar nada. Uma viatura do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) chegou a ir ao local, mas o meia-atacante já estava morto.

A PM conseguiu localizar os três presos com a ajuda das duas testemunhas que presenciaram o crime. As mulheres reconheceram Darisson através de um álbum de fotos de criminosos da região. Com o material em mãos, policiais conseguiram levantar o endereço do suspeito.

Família fica frente a frente com suspeitos

Pela manhã, a família do jogador assasinado esteve no instituto Médico Legal (IML), no Bairro Gameleira, Região Oeste de BH, para reconhecimento e liberação do corpo. E acabou ficando frente a frente com os três suspeitos pelo crime. Enquanto aguardavam a liberação do corpo do jogador, pai, mãe, prima e tio chegaram a enfrentar os acusados que foram levados para o local para fazer exame de corpo de delito.

Os pais Francisco Morais e Cris Oliveira, que são separados atualmente, chegaram ao IML por volta das 10 horas, acompanhados da prima de William, Clézia Oliveira, do tio Carlos de Oliveira, e o empresário do jogador, Marcelo Zanotti.

Os três suspeitos chegaram ao IML às 10h20 e até então a família não sabia que eram os acusados do assassinato do jovem. Somente após entrarem no prédio foi confirmada a informação. Na saída, a mãe de William, Cris Oliveira, gritou com os suspeitos.

– Devolvam meu filho. Vocês tiraram a vida do meu único filho. Vocês é que deviam morrer no lugar dele. Se eu pudesse matava vocês. 

Já o pai pediu para que os agentes deixassem ele encarar o rosto dos acusados. Foi um momento de tensão, pois os policiais acreditaram que Francisco Morais pudesse agredir os suspeitos. Em seguida, os três rapazes foram levados para o Ceresp São Cristóvão, em Belo Horizonte.

Os parentes do jogador choraram todo o tempo e foram confortados por um dos integrantes do Conselho Administrativo do América, Francisco Santiago, que também é promotor de Justiça, e o diretor de futebol Alexandre Mattos.

Durante a espera, a mãe desabafou.

– Como vou olhar as coisas do meu filho agora em casa? Meu único filho.

Já o pai, Francisco Morais, também comentava que achava que Belo Horizonte fosse um lugar tranquilo para morar.

De acordo Zanotti, a família foi avisada por ele.

– Um diretor do Corinthias me ligou por volta das 2h30. Fomos para o aeroporto e pegamos o primeiro avião, às 7h30. Às 9 horas já estávamos em Belo Horizonte. Foi uma fatalidade e todos estão muito revoltados. Ele estava feliz e morando sozinho em BH. William dizia que agora seria o ano dele. Era um rapaz carismático, disciplinado, não tinha vícios e nem bebia. Tinha uma noiva em Osasco. O América perdeu um grande profissional e um grande homem, tinha um futuro brilhante pela frente.

O integrante do Conselho Administrativo do América Francisco Santiago afirmou que o América está de luto.

– É lamentável. Ele estava se divertindo na folga dele, como qualquer jovem da idade dele tem o direito de fazer. O que não podia acontecer é que três jovens também, bandidos, viessem e tirassem a vida dele. Estamos dando todo o apoio a família e devemos chamar a atenção da sociedade para a violência, Hoje foi mais um. Até quando isso vai continuar? Vamos aguardar a decisão da justiça da punição, esses três jovens terão pena severa, pois é um crime de latrocínio. William era uma promessa e o América confiava nele para, quem sabe, ser campeão mineiro.

Natural de Osasco, William chegou no começo de janeiro no América, como uma grande aposta. O jogador teve destaque na Copa São Paulo de Futebol Júnior do ano passado, e chamou a atenção do técnico americano, Mauro Fernandes. Com Mano Menezes, que deixou o time paulista para assumir a Seleção Brasileira, William jogou nove partidas pelo Corinthians e marcou três gols.

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