É preciso reverter a tendência para aumentar a longevidade
Já tínhamos conhecimento de que o excesso de peso e a obesidade tornam-se mais frequentes no mundo, mas não havia ainda uma pesquisa que apresentasse dados coletados de tantos países --e com uma análise evolutiva de quase 30 anos. Embora o IMC (índice de massa corporal) não seja o único nem o melhor indicador, é o mais utilizado em avaliações de grandes amostras, pela facilidade de sua determinação e sua associação com doenças ligadas ao excesso de adiposidade.
A constatação de que o IMC aumenta a cada década é preocupante porque pode significar o aumento do risco de mortalidade por diabetes e suas complicações, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer.
É interessante notar que, embora haja aumento da prevalência de obesidade e, portanto, da mortalidade a ela associada, a expectativa de vida tende a crescer na maioria dos países. Significa que outras causas de mortalidade estão diminuindo. Se conseguirmos evitar o avanço da obesidade, teremos um aumento maior ainda da longevidade das populações.
Com exceção dos homens da África Central e do sul da Ásia, pessoas de todas as regiões do planeta registraram aumentos do IMC.
Isso talvez se deva ao maior acesso a alimentos e à diminuição de atividade física, ocasionada pela disseminação do uso de máquinas para fazer trabalhos antes manuais e a melhoria do transporte. Possivelmente, também, reflete uma globalização dos hábitos alimentares. Um exemplo é a presença de cadeias de fast food em todos os continentes. Houve grandes diferenças na variação de IMC entre diversas regiões e entre os sexos. O estudo dessas diferenças geográficas, econômicas e culturais pode ser útil na elaboração de políticas de saúde voltadas à prevenção.
RICARDO MEIRELLES é presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e professor de endocrinologia da PUC-RJ
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