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Cidades/Geral
Sexta - 04 de Fevereiro de 2011 às 07:12
Por: Caroline Lanhi

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As 7 horas de chuva ininterruptas que caíram em Cuiabá e região metropolitana somaram 118.9 milímetros, 56% da média prevista para todo mês de fevereiro. Os resultados foram alagamentos tanto em áreas de risco quanto em locais que não estão próximos a córregos ou encostas. A água invadiu a casa de moradores de 8 bairros de Várzea Grande e 4 famílias precisaram ser removidas de suas residências. Em Cuiabá, a chuva mais intensa de 2011 teve um impacto menor, mas assustou os moradores do bairro Cohab São Gonçalo.

Na região do bairro Construmat, em Várzea Grande, os moradores passaram a madrugada de quinta-feira (03) levantando tudo o que podiam. Mas mesmo assim Rosângela Aparecida de Arruda, 42, perdeu sofá, colchões e um freezer. Quando amanheceu a água já passava dos 40 centímetros dentro de casa.

Atrás da casa de Rosângela fica a chamada "Lagoa da Avenida da Feb", mas a moradora garante que os alagamentos só começaram depois que as invasões na região da lagoa aumentaram. "Há 12 anos, quando vim para cá, não havia alagamento. Agora a água não vem só do céu, mina do chão também".

Mas para essa várzea-grandensse o sofrimento não deve se prolongar. Ela foi beneficiada com uma casa do governo federal e deve deixar a atual residência ainda este ano. "Nem vou repor os móveis agora. Vou comprar só quando for para minha casa nova".

Nos bairros Maringá 1 e 2, também no município vizinho, a água detonou as ruas de terra e entrou nas casas. Mesmo se recuperando de uma pneumonia, a idosa Isabel Maria de Almeida, 70, se viu obrigada a enfrentar a água. Ela e outras vizinhas, como Ilda Magalhães, 62, estão indignadas, pois não entendem o porquê do alagamento na região. Segundo elas, a prefeitura não executa por completo as obras de drenagem da água da chuva e não limpa regularmente os bueiros. "Aqui nem tem córrego. Além de perder os móveis a gente vai perdendo a vida", lamenta Isabel.

Por pouco a água não atingiu os equipamentos e os livros da Escola Estadual Professor Demétrio de Souza, no Maringá 1. Eram 4 horas da manhã quando o diretor da escola, Carlos Henrique Rodrigues, foi acordado pelo vigia da instituição com a notícia de que a escola estava sendo invadida pela água. O jeito foi mobilizar professores e funcionários para lavar o colégio inteiro.

Como a região sofre constantemente com alagamentos, todos os livros e equipamentos eletrônicos estavam em locais altos e não foram atingidos. Os professores contam que a situação vem piorando com as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Foram feitos muitos aterros nos arredores da escola e estamos sofrendo as consequências".

Quem vive na Cohab Cristo Rei também não conseguiu dormir sossegado. A esquina da avenida 31 de Março com a rua Q se transformou em um lago e os carros não puderam utilizar as pistas. Há anos a região vem sofrendo com alagamentos. Em 2010, parte do asfalto da avenida 31 de Março cedeu e uma bicicletaria foi destruída com a força da água. Os moradores culpam a administração pública pelos desastres, pois segundo eles o serviço de limpeza de córregos e bueiros na região é praticamente inexistente.

Cuiabá - Na Capital, as ruas e avenidas da área central foram tomadas pela água durante a madrugada de quinta-feira. Na avenida Tenente Coronel Duarte (Prainha), os carros não conseguiam seguir e voltavam na contramão.

Já nas áreas periféricas, o risco eram os córregos. Ígor Alves, 13, acordou com os chamados do pai por volta das 5h, pois água do Córrego do Machado, no Bairro São Gonçalo, alcançava o portão da casa. A missão do menino era não tirar os olhos do portão. A sorte é que a chuva diminui e com ela o córrego.

O mesmo córrego que assustou a família de Ígor deixou outros moradores com as casas alagadas. Bombeiros estiveram no local para auxiliar a retirada de móveis e pertences e orientar para os riscos de alagamentos.

Para o coordenador da Defesa Civil de Cuiabá, José Pedro Zanetti, a chuva praticamente não resultou em prejuízos para Cuiabá. Rajadas de vento causaram quedas de árvores nos bairros Campo Velho, Santa Cruz e Bosque da Saúde.

Vida Nova - A casa número 46, na rua SD, bairro Praeirinho, deixará de existir a partir de manhã. A moradora Roseni Benta de Lima, 30, e outras 69 famílias serão removidas da beira do rio e vão morar em casas construídas pelo Governo Federal, no mesmo bairro. Foram anos de enchentes e alagamentos até que o sonho fosse realizado. Ontem, uma comitiva da prefeitura passou nos 3 bairros que mais sofrem com alagamentos na Capital -Parque Georgia, Praeirinho e Cohab São Gonçalo - e garantiu aos moradores a transferência das famílias.

Quem também está feliz é a aposentada Duzolina Teixeira, 66, que há 6 anos convive com enchentes, pois mora ao lado do córrego do Machado, no bairro São Gonçalo. "São anos dormindo sem saber como vamos acordar".

O sofrimento de Duzolina deve ter fim no início de março, data estimada pela prefeitura para a transferência de 36 famílias do bairro.

De acordo com o planejamento apresentado pelo prefeito Chico Galindo durante a visita, este ano 1,2 mil famílias vão ganhar casas novas do governo. Em 2012 devem ser beneficiadas 2 mil famílias e em 2013 mais 2 mil.

O secretário de Habitação, João Emanuel Moreira, acrescenta que após a retirada das famílias, as Áreas de Preservação Permanente (APPs) serão revitalizadas com arborização e fiscalizadas para que não haja nova ocupação.

Outro lado - O secretário adjunto de infraestrutura de Várzea Grande, Waldisnei Moreno, rebate as queixas da população afirmando que a secretaria executa obras de limpeza de córregos e bueiros corriqueiramente, no período de estiagem. Para ele, o problema maior é a falta de consciência da população que insiste em jogar lixo em lugares impróprios, o que acaba entupindo e poluindo córregos.

Com as chuvas, Moreno diz que a prefeitura vai investir em ações paliativas para recuperar vias e lembra que outras medidas só poderão ser tomadas quando o período chuvoso acabar. Quem deseja solicitar serviços pode ligar para o número 0800-647-4142.

Em Cuiabá, o secretário de Infraestrutura, Paulo Borges, garante que as obras de limpeza de bueiros e manutenção dos córregos são realizadas periodicamente e cobra a conscientização dos cuiabanos.





Fonte: A Gazeta

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