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Quinta - 03 de Fevereiro de 2011 às 17:42

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O senador Pedro Taques (PDT) defendeu nesta quinta-feira (3), ao usar a tribuna da Casa pela primeira vez, a extradição do ativista de esquerda Cesare Battisti para a Itália sob pena de o Brasil se transformar num “esconderijo de criminosos”. Aos demais colegas, aconselhou que não se pode ter "medo das palavras".

A decisão de manter Battisti em território brasileiro foi do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no final de dezembro, e provocou polêmica. O assunto deve ser debatido em uma reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

Em meio ao pronunciamento do senador Eduardo Suplicy (PT/SP), que leu em plenário carta em que Battisti alega inocência, Taques pediu a palavra e frisou se tratar de um criminoso, condenado pela Justiça italiana e que teve a condenação mantida em 1993.

Para Taques, não se trata de um juízo de valor, mas de um fato. “Cesare Battisti é um criminoso e isso não é um juízo de valor, mas um juiz de fato. Ele foi condenado e a pena foi mantida em 1993. Estamos a tratar de um debate que não é ideológico. Os autos revelam que ele (Battisti) cometeu um crime.”, argumentou o pedetista.

Segundo ele, STF determinou que o presidente da República respeitasse o tratado internacional, referendado pelo Congresso Nacional. Lembrou ainda que o tratado impediria a extradição se houvesse circunstância que o coloque em perseguição.

Estreante no Senado e na política partidária, Taques deixou claro que terá uma atuação “dura” no Congresso. Adiantou que sua opinião é independente da posição em relação ao governo. “Não temos que ser oposição ou posição. Temos que atender a Constituição Federal”, enfatizou, lembrando que a extradição é um é discricionário e não sinônimo de arbitrariedade.

Na visão do pedetista, se Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália pela suposta autoria de quatro assassinatos na década de 1970, não for extraditado o Brasil estará levando em consideração a sua ideologia política.

Foragido, o italiano chegou ao Brasil em 2004 e, em fevereiro do ano passado, foi condenado a dois anos de prisão, em regime aberto, por ter entrado no país com passaporte falso.

Confira na íntegra a carta de Batistti lida por Suplicy:

"Aos senhores e às senhoras senadoras e senadores, deputados e deputadas federais e ao povo brasileiro,

De forma humilde, desejo transmitir aos representantes do povo brasileiro no Congresso Nacional um apelo para que possam me compreender à luz dos fatos que aconteceram na Itália desde os anos 70, nos quais eu estive envolvido.

É fato que nos anos 70 eu, como milhares de italianos, diante de tantas injustiças que caracterizavam a vida em nosso país, também participei de inúmeras ações de protesto e, como tal, participei dos Proletórios Armados pelo Comunismo.

Nestas ações, quero lhes assegurar que nunca provoquei ferimentos ou a morte de qualquer ser humano. Até agora, nunca qualquer autoridade policial ou qualquer juiz me perguntou se eu cometi um assassinato. Durante a instrução do processo e o julgamento onde fui condenado à prisão perpétua, eu me encontrava exilado no México e não tive a oportunidade de me defender.

Durante os últimos 30 anos, no México, na França e no Brasil, dediquei-me a escrever livros e as atividades de solidariedade às comunidades carentes com quais convivi.
Os quase 20 livros e documentários que produzi são todos relacionados a como melhorar a vida das pessoas carentes, e como realizar justiça social, sempre enfatizando que, o uso da violência compromete os propósitos maiores que precisamos atingir. Desejo muito colaborar com estes objetivos de construção de uma sociedade justa, no Brasil, por meios pacíficos, durante o resto de minha vida.

Cesare Battisti
Papuda, 03/02/11"






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