Valdemar Costa Neto se nega a engavetar processo contra Mabel
Procurado pelo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e pelo presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), o presidente em exercício do PR, Valdemar Costa Neto (SP), se recusou, nesta quarta-feira (2), a abortar o processo de expulsão contra o deputado Sandro Mabel (GO).
Apesar de orientação contrária do PR e das ameaças de expulsão, Mabel manteve candidatura avulsa contra Maia na Câmara.
Na manhã de hoje, parlamentares pediram que Valdemar enterre o processo. Irritado com Mabel, ele alega, no entanto, que o partido ficará desmoralizado caso abrande a sanção.
A pedido dos deputados, Valdemar concordou em conversar com Mabel antes da abertura de um processo. Mas avisou a aliados que sugerirá que Mabel saia do partido, e abra um processo no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o argumento de que o PR tentou coibir seu direito à candidatura.
Nesse caso, Mabel poderia evitar o processo de expulsão e perda de mandato.
CÂMARA
Maia ocupará o cargo pelos próximos dois anos. Ele foi eleito nesta terça-feira (1º), com 375 votos, contra 106 de Mabel, 16 de Chico Alencar (PSOL-RJ) e 9 de Jair Bolsonaro (PP-RJ).
Outros três deputados votaram em branco.
A eleição de Maia faz parte de um acordo costurado com o PMDB, maior aliado do PT. A proposta é que o líder peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN) assuma o posto no último biênio do mandato da presidente Dilma Rousseff.
Maia foi escolhido o candidato oficial do Planalto principalmente por causa de insatisfações internas no partido com a distribuição de cargos do segundo escalão e com o "paulistério" --domínio do PT paulista nos cargos de destaque.
Ele conseguiu desbancar o favorito e líder do governo, Cândido Vacarezza (PT-SP), João Paulo Cunha (PT-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP), em eleições internas que aconteceram no ano passado.
O Planalto trabalhou durante todo o tempo para fazer com que Maia fosse candidato único. Minou alguns nomes no caminho, como Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Júlio Delgado (PSB-MG). Mas não conseguiu impedir Mabel, que pode ser expulso pelo seu próprio partido.
Maia foi eleito com o apoio oficial de 21 partidos, dos 22 com representatividade na Câmara, incluindo aí o PR de Mabel.
A eleição do petista significa uma vitória do Planalto. A primeira prova será o salário mínimo, cujo valor será definido em medida provisória a ser aprovada pelo Congresso. O governo quer R$ 545, mas muitos deputados aliados trabalham por, no mínimo, R$ 560.
Pela manhã, os 513 deputados e 81 senadores tomaram posse do mandato que exercerão pelos próximos quatro anos. José Sarney (PMDB-AP) foi reeleito como novo presidente do Senado.
MESA DIRETORA
A deputada Rose de Freitas (PMDB-ES) foi escolhida a primeira-vice-presidente da Câmara com 450 votos.
O deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) foi eleito segundo-vice-presidente, com 288 votos. A deputada Rebecca Garcia (PP-AM), que concorreu como candidata avulsa, obteve 211 votos. Houve 10 votos em branco.
O primeiro-secretário é o deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), eleito com 474 votos (35 em branco).
O deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP) foi eleito para segunda-secretaria, com 455 votos (54 em branco).
Para a terceira-secretaria, Inocêncio Oliveira (PR-PE) foi eleito com 421 votos (88 em branco). Na quarta-secretaria, Júlio Delgado (PSB-MG) assume o posto com 451 votos (58 em branco).
Os deputados eleitos para as quatro suplências foram: Geraldo Resende (PMDB-MS), com 432 votos; Manato (PDT-ES), com 420 votos; Carlos Eduardo Cadoca (PSC-PE), com 418 votos; e Sérgio Moraes (PTB-RS), que foi escolhido por 395 deputados.
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